O final e início do de ano marcam o aumento das viagens de avião que estão incluídas nos roteiros familiares. No entanto, é importante ter alguns cuidados durante a viagem, principalmente para evitar o risco da trombose venosa profunda. Embora muitas pessoas não se preocupem com isso, existe uma série de hábitos típicos de viagem de avião, que podem ser prejudiciais.
De acordo com o angiologista, cirurgião vascular e presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. César Amorim, o risco maior de desenvolver trombose venosa se dá principalmente nas viagens mais longas, diante da impossibilidade de andar ou movimentar as pernas durante extensos períodos de tempo.
“Esse fator, somado com a desidratação, acaba fazendo com que o sangue coagule dentro da veia da perna. A má circulação dos membros inferiores, quando associada a fatores genéticos, obesidade, diabetes, sedentarismo, hipertensão e tabagismo, pode causar a trombose venosa profunda. Neste caso, o problema também é conhecido como ‘síndrome dos viajantes'”, explica.
Segundo o especialista, um dos fatores que contribuem para esse quadro são as poltronas do avião que limitam a mobilidade do passageiro, fator que também dificulta a circulação. “As poltronas do avião são apertadas, o passageiro fica retraído e isso favorece a formação de trombose nas pernas”, observa.
O médico também ressalta que a trombose geralmente se forma nas veias da panturrilha, e que ela pode também se alojar nas coxas, e de modo mais raro, nos membros superiores.
“Como principais sintomas da trombose venosa profunda, nós temos as dores nas pernas, coloração do membro mais avermelhada ou próxima ao roxo, formigamento e adormecimento. Mas é importante ressaltar também que o problema pode estar oculto, sendo diagnosticado apenas através de exames específicos”, aponta.
Ainda segundo o especialista, uma das principais preocupações para os pacientes que desenvolveram a trombose venosa profunda é que o coágulo se desprenda da veia e se mova pela circulação até o pulmão, o que causa a embolia pulmonar.
“Já a longo prazo há risco de varizes e insuficiência venosa crônica, desencadeada pela destruição das válvulas do interior das veias, responsáveis por levar o sangue venoso de volta ao coração”, indica Dr. César.
Orientações e tratamento – Diante deste quadro, o angiologista dá algumas orientações que podem ajudar os viajantes. Segundo Dr. César, fazer caminhadas pela aeronave ajuda a melhorar a circulação. A hidratação também contribui para prevenir o aparecimento de trombos venosos.
“A água afina o sangue e diminui o risco da formação de coágulos. Também há a indicação de se sentar no corredor para facilitar a movimentação, usar meia elástica e evitar o consumo de bebida alcoólica e café, além de medicamentos que estimulam o sono”, diz.
Ele explica ainda que o objetivo do tratamento da trombose venosa profunda é evitar a progressão e o surgimento de novos sintomas. Com o tempo, o próprio organismo vai ajudar a absorver os trombos, melhorando a circulação. Para isso, são administrados anticoagulantes, que podem ser de diversos tipos, e possuem o objetivo de inibir os fatores de coagulação, podendo ser utilizados em casa, sem necessidade de internação, logo após o diagnóstico.
Além disso, existem outras drogas, que devem ser usadas com mais cuidado, como as fibrinolíticas, que agem dissolvendo os coágulos. No entanto, o Dr. César pontua que esse tipo possui mais complicações e se trata de um medicamento usado em ambiente hospitalar.
Já em casos em que o paciente apresenta dor, desconforto ou edema, após realizar uma viagem de avião, é de extrema importância buscar um angiologista ou cirurgião vascular, para que se possa identificar o problema o mais rápido possível.
“Se o paciente teve um desconforto ou inchaço na perna, ocorrido após o voo, ele deve procurar um cirurgião vascular ou angiologista, que é habilitado a fazer o exame e a suspeita diagnóstica da trombose (que deve acontecer o mais cedo possível). A partir disso, o médico irá definir o tratamento correto para diminuir as chances de o paciente ter complicações graves”, observa.