Carnaval, palavra originada do termo em Latim “Carnis Levale”, consiste em uma série de festejos que costumam ocorrer no decorrer do mês de fevereiro. A festa tem ainda mais relevância e prestígio na Bahia, em especial na cidade de Salvador, onde, segundo dados da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur-Ba), movimenta cerca de 6,6 bilhões na economia do estado.
Em uma cidade como Salvador, com alto fluxo de turistas e foliões, os festejos se concentraram nos circuitos Barra/Ondina e Campo Grande, mas se estenderam também nos bairros, onde podem ser destacadas as localidades do Nordeste de Amaralina e do Garcia, estimulando o comércio, a economia e a cultura dessas comunidades. Entretanto, nessa divisão do bolo, o bairro de Cosme de Farias foi excluído da celebração, ou, para citar Edson Gomes, “Barrado do Baile”.
Cosme de Farias, um dos mais populosos bairros de Salvador (que engloba as localidades de Brotas, Luis Anselmo, Bonocô e Vila Laura), se viu excluído, ou pelo menos limitado no que se entende como Carnaval de Salvador, não recebendo atenção especial dos órgãos públicos para fomento de festejos, como outros bairros igualmente populosos receberam. Isso afeta toda a cadeia econômica da região, que, por conta dessa falta de incentivo, priva a comunidade de possíveis ganhos financeiros com a geração de emprego, além de ajudar na resolução de problemas que o Carnaval de Salvador enfrentou, como por exemplo, a superlotação dos circuitos tradicionais de Carnaval (Barra/Ondina e Campo Grande).
Em um contexto onde o Carnaval cada vez mais se esvazia de sua origem de difusão das tradições da cultura baiana, tornando-se cada vez mais comercial, evidenciamos também o elitismo, ou seja, a discriminação de classe. Ao se excluir uma comunidade negra e periférica como o Cosme de Farias das festividades, se priva uma massa gigantesca de cidadãos do direito ao lazer e cultura.
“Eu acho que Brotas merece sim um Carnaval de bairro, um bairro tão populoso… Um bairro negro, um bairro de comunidade, com certeza levaremos isso para o prefeito, com apoio da prefeitura bairro”, disse Alan Muniz, Sub-Prefeito da prefeitura bairro da região de Brotas.
A demanda por festividades carnavalescas dentro do bairro vem crescendo, em especial entre moradores e líderes comunitários que enxergam um potencial desperdiçado com a falta de apoio e incentivo público na região.
“Sou a favor sim do retorno do Carnaval de Cosme de Farias, pois muita gente não gosta de ir para a avenida. Já tivemos diversas edições de Carnaval aqui, contamos sempre com um apoio da prefeitura, mas nós queremos um apoio maior, um apoio cultural, que dê mais estabilidade à nossa festa”, completou Sebá, líder comunitário da região da Vila Laura.
A importância do apoio dos órgãos públicos se faz presente em falas de diferentes segmentos da comunidade:
“A importância reside no fato de movimentar a nossa comunidade, gerando emprego e renda. Temos interesse de no ano que vem fazer um Carnaval bem mais forte”, finalizou Call me ajude, líder comunitário da região de Luís Anselmo.
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