Câmara vai convidar presidentes do Master e do BRB para explicar compra bilionária
A Câmara convidará o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, para explicarem a compra de uma fatia relevante do Master pelo banco estatal, em um negócio estimado em R$ 2 bilhões. O pedido de audiência pública sobre o tema foi aprovado na quarta-feira, 9. Autor da proposta, o deputado Márcio Marinho (Republicanos-BA) citou “diversas preocupações” quanto à transação. A operação chamou a atenção de órgãos de controle pelo rápido crescimento do Master, além de alertas de operações do banco privado fora do padrão levados ao Banco Central (BC).
A sessão será marcada pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara. Além dos presidentes do BRB e do Master, Marinho sugeriu convidar o presidente do BC, Gabriel Galípolo. “A transação levanta diversas preocupações quanto à transparência, governança pública, proteção ao consumidor financeiro, à segurança das aplicações de pequenos investidores, e ao risco sistêmico envolvendo o Fundo Garantidor de Créditos (FGC)”, escreveu o parlamentar ao apresentar a proposta de audiência pública, aprovada na quarta-feira, 9.

O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, afirma que a operação foi técnica, sem ingerência política, e com a análise de carteiras e produtos do Master que representavam sinergia com os interesses do banco público. A transação ainda precisa do aval do BC e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Há pelo menos quatro investigações sobre o negócio, conduzidas por: Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, e Ministério Público de Contas do Distrito Federal. Como mostrou o Estadão nesta quinta-feira, 10, compras de títulos do Master por fundos de pensão são alvo de auditorias ou são contestadas pelos beneficiários.
O Banco Master multiplicou por dez seu patrimônio e quintuplicou sua carteira de crédito desde 2021. Esse crescimento foi tracionado pela oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDB) que pagam ao investidor taxas bem agressivas, muito acima dos concorrentes, de até 140% do CDI. No mercado financeiro, a instituição também é alvo de comentários por ter comprado participações de companhias em dificuldades financeiras.
O BC foi alertado sobre as operações fora do padrão feitas pelo banco Master e apertou as regras para frear um comportamento ousado na comparação com os concorrentes. Segundo dois banqueiros ouvidos sob reserva pelo Estadão, o órgão regulador foi provocado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto (encerrada em dezembro passado), sobre a discrepância em relação às práticas tradicionais das instituições financeiras assumidas pelo Master.