1 de maio de 2025
Politica

BC verá também ativos ‘ruins’ em compra do Master pelo BRB, diz deputado após reunião com Galípolo

Após uma reunião nesta quarta-feira, 30, com o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, o deputado distrital Fábio Felix (PSOL) afirmou que o BC vai analisar também os ativos “ruins” do Banco Master que o Banco de Brasília (BRB) pretende comprar. Felix disse que Galípolo prometeu uma análise técnica do caso, que começará quando o BRB enviar todos os documentos necessários à aprovação da transação. 

Como mostrou a Coluna do Estadão, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu que a Justiça local proíba o BRB de comprar uma fatia relevante do Master, negócio estimado em R$ 2 bilhões. Segundo o MP, a Diretoria e o Conselho de Administração do BRB “incorreram em ilegalidade ostensiva” e deveriam ter recebido aval prévio da Câmara Legislativa do Distrito Federal e da assembleia de acionistas antes da compra, o que não aconteceu.

O presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo
O presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo

Felix foi recebido por Galípolo no BC com a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e os deputados distritais Max Maciel (PSOL) e Dayse Amarilio (PSB). 

“Galípolo falou que apesar de o BRB escolher os bons ativos do Master para comprar, o BC vai olhar para o todo na análise técnica. Ou seja, vão avaliar também os ativos ruins, porque esses ativos problemáticos impactam a operação global, podem trazer riscos para a aquisição e para o BRB”, afirmou Felix à Coluna do Estadão. Ainda segundo o parlamentar, Galípolo lembrou que o Banco Master já sofreu sanções do BC em outras ocasiões. 

“O presidente do BC se mostrou aberto a ouvir os representantes da população do Distrito Federal, do Legislativo e órgãos de controle. Ele disse que vai manter esse diálogo permanente e deixou de portas abertas a presidência do Banco Central”.

Deputado distrital Fábio Felix (PSOL)
Deputado distrital Fábio Felix (PSOL)

O BC tem um prazo de um ano para analisar a eventual compra do BRB de uma fatia relevante do Master. O negócio também precisa de autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Até agora, um mês após o anúncio da operação, o BRB não entregou todos os documentos necessários ao BC, de acordo com o deputado. Fábio Felix explicou que falta, por exemplo, o banco estatal informar quais ativos pretende adquirir. 

O Banco Master multiplicou por dez seu patrimônio e quintuplicou sua carteira de crédito desde 2021. Esse crescimento foi tracionado pela oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDB) que pagam ao investidor taxas bem agressivas, muito acima dos concorrentes, de até 140% do CDI. No mercado financeiro, a instituição também é alvo de comentários por ter comprado participações de companhias em dificuldades financeiras.

O BC foi alertado sobre as operações fora do padrão feitas pelo banco Master e apertou as regras para frear um comportamento ousado na comparação com os concorrentes. Segundo dois banqueiros ouvidos sob reserva pelo Estadão, o órgão regulador foi provocado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto (encerrada em dezembro passado), sobre a discrepância em relação às práticas tradicionais das instituições financeiras assumidas pelo Master.

 

 

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