30 de junho de 2025
Politica

PF cita ex-presidente do INSS no governo Bolsonaro em inquérito sobre fraudes contra aposentados

O ex-ministro José Carlos Oliveira, que comandou o Ministério do Trabalho e Previdência no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é citado na investigação da Polícia Federal sobre as fraudes que causaram um prejuízo de R$ 6,3 bilhões em milhares de aposentados do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Oliveira também foi presidente do INSS, onde é servidor de carreira, entre novembro de 2021 e março de 2022.

O Estadão busca contato com o ex-ministro.

O nome do ex-ministro despontou na investigação da Operação Sem Desconto a partir da análise de movimentações financeiras de associações e sindicatos sob suspeita de ligação com o esquema. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles e confirmada pelo Estadão. A Operação Sem Desconto foi deflagrada na semana passada e levou à queda do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Sob pressão da oposição, o governo Lula mantém no cargo o ministro Carlos Lupi (Previdência).

A Polícia Federal identificou vínculos com pessoas ligadas à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), uma das entidades investigadas, que recebeu mais de R$ 100 milhões do INSS.

O ex-ministro mudou de nome e hoje se apresenta como Ahmed Mohamad Oliveira Andrade. Ele foi vereador em São Paulo (2008-2012) pelo PSD e, nas eleições de 2024, tentou emplacar uma nova candidatura na Câmara Municipal, mas não se elegeu.

José Carlos Oliveira é servidor de carreira do INSS e presidiu o órgão no governo Bolsonaro; também foi ministro do Trabalho e Previdência na gestão do ex-presidente.
José Carlos Oliveira é servidor de carreira do INSS e presidiu o órgão no governo Bolsonaro; também foi ministro do Trabalho e Previdência na gestão do ex-presidente.

Segundo a PF, José Carlos, agora Ahmed Mohamad, foi sócio de duas empresas, a Fayard Organização e Serviços Empresariais e a Yamada e Hatheyer Servicos Administrativos, em parceria com José Laudenor da Silva.

Ocorre que José Laudenor trabalha como auxiliar administrativo com salário de R$ 1,5 mil, o que levantou suspeitas da Polícia Federal de que ele seja um laranja.

Bancos emitiram alertas sobre as movimentações financeiras de José Laudenor, consideradas incompatíveis com a renda declarada.

“Foram trafegados recursos com terceiros sem vínculo aparente; também, não foi verificada justificativa para a elevada movimentação, sugerindo o uso da conta para operar recursos de terceiros ou atividades não declaradas”, afirma a PF.

O ex-ministro José Carlos Oliveira na sua posse com Bolsonaro.
O ex-ministro José Carlos Oliveira na sua posse com Bolsonaro.

O suposto sócio foi o pivô que levou a Polícia Federal ao ex-ministro. José Laudenor recebeu dinheiro de Cícero Marcelino, assessor de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer, e enviou e recebeu dinheiro de Oliveira, “sem justificativa aparente”, segundo a PF.

“Por fim, vale reforçar, uma vez mais, que José Laudenor manteve vínculos financeiros com Cícero Marcelino (que, por sua vez, operou com Carlos Roberto Ferreira Lopes – Presidente da Conafer) e também com Ahmed Mohamad, ex-Presidente do INSS e ex-Ministro do Trabalho e Previdência. Ao que ficou demonstrado, tais transações sugeriram a utilização de contas para movimentar recursos de terceiros e/ou atividades não declaradas, caracterizando possíveis indícios de burla/fracionamento e lavagem de dinheiro”, conclui a Polícia Federal.

Na semana passada, a PF deflagrou a Operação Sem Desconto e fez buscas em mais de 200 endereços para aprofundar a investigação. O ex-ministro não foi alvo da ofensiva.

COM A PALAVRA, O EX-MINISTRO

A Estadão fez contato com o ex-presidente pelas redes sociais em busca de uma manifestação. O espaço está aberto (rayssa.motta@estadao.com; fausto.macedo@estadao.com).

 

 

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