Desembargador solta contador que PF liga ao PCC e ao tráfico de cocaína em veleiros
A Justiça de São Paulo mandou soltar o contador Rodrigo de Paula Morgado, apontado pela Polícia Federal como integrante do núcleo financeiro de uma ala do Primeiro Comando da Capital (PCC) que usou veleiros para traficar cocaína a países da Europa e da África.
Morgado foi preso em flagrante na terça, 29, em um hotel em São Paulo na posse ilegal de uma pistola Taurus 9 milímetros modelo G3C, no curso da Operação Narco Vela – investigação da Polícia Federal em parceria com forças especiais anti-drogas dos EUA, Espanha e França.
A decisão que mandou soltar o contador atendeu a um pedido de liberdade provisória apresentado pela defesa. O desembargador Lauro Mens de Mello, que responde pelo plantão, considerou que ele não representa “risco à ordem pública”.
“A situação descrita, embora grave, não justifica, por si só, a manutenção de uma prisão preventiva, especialmente quando se consideram os antecedentes do paciente e as condições pessoais favoráveis”, escreveu o magistrado.
O desembargador defendeu que “o porte de arma de fogo de uso restrito é um crime grave, que deve ser combatido com rigor”, mas não é suficiente para justificar a continuidade da prisão.
A decisão analisou apenas o flagrante. Mens de Mello argumentou que, “havendo gravidade suficiente naquela investigação (Narco Vela) que justifique a segregação, esta deverá ser decretada pelo Juiz natural do caso, que dispõe de todos os elementos da investigação”.
A prisão preventiva foi substituída por medida cautelares, como o comparecimento periódico no fórum e a proibição de portar armas de fogo.

A advogada Clara Ramos de Souza Morgado, mulher do contador, deu entrada no habeas corpus. Ela argumentou que o marido é um “contador de renome”, sem antecedentes criminais, com emprego e residência fixa.
“O paciente, outrossim, não pode ser considerado ameaça à sociedade se ele, mesmo, é empregador e origem de sustento de famílias que dependem da empresa que mantém sob sua responsabilidade”, alegou a defesa.
A advogada afirmou que ele é CAC e “possui legítima documentação do objeto”. “Este, por sua vez, estava bem acondicionado, em local fechado, e a chave de acesso estava em local seguro.”
Segundo a PF, Morgado teria ligações próximas com Marco Aurélio de Souza, o “Lelinho”, apontado pela PF como chefão do núcleo do PCC que mandava cocaína para o exterior em veleiros e lanchas de alta performance.