Com a troca de Lupi por seu braço direito, só falta Lula errar na devolução da grana aos aposentados
Mais uma decisão incompreensível do presidente Lula. Substituir Carlos Lupi por Wolney Queiroz no Ministério da Previdência foi automaticamente percebido pela opinião pública como trocar seis por meia dúzia. Lula se desgastou ao nomear Lupi, ao demorar a demiti-lo e, por fim, ao por no lugar justamente o braço direito dele.
E o que Lula ganhou em troca? Primeiro, o que já tinha: o apoio do PDT, que é satélite histórico do PT e não tem outra alternativa senão ficar com o governo. Depois, um escândalo de bom tamanho, na pior hora: o roubo de mais de R$ 6 bilhões do INSS. Lupi foi informado em 2023, Queiroz era o número 2 do ministério e soube junto com ele. Nenhum dos dois fez nada.

O escândalo está aí, é um fato, e os efeitos políticos podem ser mais ou menos devastadores para Lula dependendo da evolução das investigações, do surgimento de novos nomes e detalhes e da guerra de narrativas entre governo e bolsonarismo. O seis por meia dúzia não ajuda Lula nem um pouco.
Sua melhor defesa usada foi no pronunciamento da véspera do Primeiro de Maio, ao lembrar que os desvios do INSS vinham desde 2019 (Jair Bolsonaro era presidente) e que foi o seu governo, a sua Polícia Federal e a sua Controladoria-Geral da União que agiram e desbarataram a quadrilha. Apesar dos pesares, é um bom argumento.
Porém, se PF e CGU apuraram e atuaram firmemente, Lula não teve agilidade, ou força política, para entrar no vácuo, demitir rapidamente Lupi, convencer o PDT e nomear para a vaga alguém de boa estatura, fora da política, o mais distante possível do escândalo e capaz de emprestar seu nome e credibilidade às investigações e medidas. Não. Lula optou por um “companheiro” e por manter o PDT sob suas asas. Pensou pequeno.
Pernambucano, deputado federal por seis mandatos, Wolney Queiroz votou contra o impeachment de Dilma Rousseff, a reforma trabalhista e a da Previdência e foi líder da oposição a Bolsonaro na Câmara, que unia PDT, PT, PSOL, Rede e PCdoB. Em 2022, ele defendeu a candidatura Lula contra a do pedetista Ciro Gomes. Ok, currículo muito conveniente a Lula e ao PT. Mas para a função? Para a opinião pública?
Só falta Lula errar na questão central: a devolução do dinheiro de aposentados e pensionistas, usado por criminosos para compra de carrões e ser enviado em malas para paraísos fiscais. O governo está preocupado com as contas, mas a dona Maria e o seu João, que trabalharam muito a vida toda e ganham pouco na velhice, não querem saber de política, contas e companheiragem, só querem seu dinheiro de volta e que isso nunca volte a ocorrer no INSS, aliás, em lugar nenhum.