1 de julho de 2025
Politica

Tirar dinheiro de aposentados do INSS é chegar ao fundo do poço

Desvio de recursos, esquemas de corrupção dos mais variados tipos e modelos de organização, propinas, fraudes, uso indevido dos recursos do Estado (portanto dos contribuintes) sempre fizeram parte da cultura brasileira. No Executivo, no Legislativo e no Judiciário já foram encontradas formas de se apropriar do dinheiro público que nem caberiam aqui, se fôssemos descrevê-las. Contudo, tirar dinheiro das pensões e aposentadorias, num estruturadíssimo esquema de apropriação do dinheiro alheio é o fundo, do mais fundo do poço a que podem chegar nossos servidores e autoridades.

O INSS tem 23,5 milhões de aposentados no País. Desse total, 12,1 milhões são mulheres e 11,4 milhões, homens. Do total dessa folha de pagamento, mais de dois terços recebe até um salário-minimo (R$ 1.518). São pessoas que mal conseguiram contribuir, passaram a vida trabalhando muito duro. E, hoje, moram e, em muitos casos, são a principal renda de uma família com filhos e netos.

Coletiva da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que desvendou escândalo no INSS
Coletiva da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que desvendou escândalo no INSS

“Moram” é um eufemismo. Ninguém paga aluguel, compra comida, se veste e, se por muita má sorte, cair doente, consegue comprar um remédio com esse rendimento. E são essas pessoas que vinham sendo roubadas no esquema de cerca de R$ 6 bilhões do INSS. Investigações apontam que o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT) – demitido na semana passada – sabia, pelo menos desde 2023.

Indignada, a bancada do PDT no Congresso, ameaçou tirar o apoio (menos de 20 votos) que costuma dar ao PT. É incrível. A primeira reação dos demais parlamentares e do governo não foi de indignação com quem tirava dinheiro dos aposentados. Foi por perder a sinecura que mantinham no Esplanada. Mas durou pouco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nomeou o ex-deputado pernambucano Wolney Queiroz que era o segundo de Lupi e, assim como o chefe, nunca soube de nada. Dizem frequentadores do Palácio que Lula sempre quis nomear Wolney e não Lupi. Surgiu, agora, a oportunidade.

Sem muito lugar para onde correr, o presidente usou em sua defesa a informação de que a prática vem desde 2019 (governo de Jair Bolsonaro). Comprometeu-se anunciar um plano para começar a devolver os recursos aos cidadãos lesados ainda nesta semana. Os estragos que a roubalheira pode causar ao governo ainda estão sendo contados. Vão depender da capacidade de devolver o dinheiro rapidamente e de que nada, ainda pior, apareça nos próximos dias. Ao fundo do poço já chegamos.

 

 

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