Bolsonaristas fazem caminhada nesta quarta em Brasília para pressionar Congresso por anistia
A chamada “Caminhada pela Anistia Humanitária” será o primeiro ato promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília desde os ataques de 8 de Janeiro. Previsto para a tarde desta quarta-feira, 7, o protesto terá como palavra de ordem o perdão judicial aos condenados pela tentativa de golpe de Estado que, segundo a Polícia Federal, culminou na depredação das sedes dos Três Poderes em 2023.
Essa caminhada soma-se a outros atos liderados pelo ex-mandatário neste ano, como em Copacabana (Rio) e Avenida Paulista (São Paulo). Porém, diferente do que ocorreu nas outras manifestações, a presença de Bolsonaro deve ser discreta na marcha em Brasília. Como mostrou a Coluna do Estadão, aliados do ex-presidente montaram uma força-tarefa para tentar convencê-lo a não participar da caminhada. Ainda assim, Bolsonaro afirmou na noite desta terça-feira, 6, em entrevista à revista Oeste, que deverá fazer uma aparição rápida no evento.
“Eu pretendo fazer, talvez faça, por volta das 16 horas, comparecer à Torre de TV, de dentro do carro, abrir o vidro, saudar a população e voltar para casa”, disse o ex-presidente, completando que a decisão se dava em razão de ter que evitar um abraço mais apertado.

São dois os motivos citados por aliados para que Bolsonaro evite o ato. O primeiro tem relação com sua saúde. O ex-presidente teve alta no domingo, 4, após ficar três semanas internado por conta de uma cirurgia no intestino. Além disso, há um temor de que ele pegue uma infecção no protesto, e a própria equipe médica recomendou repouso.
A segunda razão é política. Por ocorrer em um dia de semana, o ato deve ser mais esvaziado do que os anteriores. As estimativas mais otimistas no PL preveem entre 5 mil e 10 mil pessoas. Os aliados dizem que o ex-presidente deve se resguardar agora, e que sua presença será mais útil em manifestações mais robustas.
Um dos organizadores da caminhada, o pastor Silas Malafaia diz que o ato desta quarta tem uma proposta distinta de protestos como o de Copacabana. “Uma manifestação é diferente: para reunir multidões de 50, 100, 200 mil pessoas, tem que ser sábado ou domingo”, afirmou. O ato da Paulista, realizado num domingo, chegou a reunir 44,9 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Público do Meio Digital, da USP.
“Amanhã (hoje) é dia útil, dia normal de trabalho, então é outra coisa. Por isso estamos fazendo uma caminhada, com um trio elétrico à frente puxando, vários parlamentares, todos discursando. O objetivo é claro: pressionar deputados e senadores para aprovar uma anistia humanitária, cuja urgência já foi aprovada pela maioria na Câmara”, disse.
Esses eventos promovidos por Bolsonaro e Malafaia fazem parte da estratégia de pressão sobre o Congresso para a aprovação de um projeto de lei que conceda anistia aos envolvidos na tentativa de golpe. O plano também inclui a concessão de perdão ao próprio ex-presidente, alvo de ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar da baixa previsão de público, a Polícia Militar organizou um esquema de segurança para a manifestação. O ato começará às 16h, na Torre de TV. Os participantes vão marchar até a Avenida José Sarney, a penúltima avenida antes do Congresso. Nesta altura, que fica entre o Ministério da Justiça e o Palácio do Itamaraty, foram colocados gradis para impedir que os bolsonaristas avancem até os prédios dos Três Poderes.
A distância percorrida pelos manifestantes no centro de Brasília será de cerca de três quilômetros. Ainda ficou definido que três das seis faixas do Eixo Monumental e da Esplanada dos Ministérios serão fechadas. Duas faixas serão destinadas aos participantes do ato, enquanto a outra será reservada para o fluxo dos veículos da polícia. As restantes poderão ser utilizadas por motoristas.
A convocação de Bolsonaro para a caminhada ocorreu no mesmo dia em que foi noticiado que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, preparou um projeto de lei alternativo para reduzir a pena dos envolvidos no 8 de Janeiro. O texto de Alcolumbre, porém, aumenta a punição para os mentores da trama golpista.