30 de junho de 2025
Politica

Governo tenta sair das cordas de crise do INSS, e sociedade pagará conta

De maneira descoordenada – com direito a entrevero público – o governo tenta sair das cordas em que se encontra desde que foram divulgadas as fraudes que retiraram bilhões de contracheques de aposentados sem autorização. Alguns deputados e senadores petistas buscam, sem sucesso, reforçar a mensagem de que a roubalheira começou no governo Jair Bolsonaro, mas é difícil fazer a narrativa colar porque os valores aumentaram muito desde 2023, primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesta quinta-feira, 8, ao anunciar uma ação para pedir bloqueio de bens de associações suspeitas, coube, quem diria, ao ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, rebater o mais novo vídeo-viral do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) explorando o tema.

O presidente do INSS Gilberto Waller, o  Advogado Geral da União (AGU), Jorge Messias, o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Vinicius  Marques de Carvalho, o ministro da Previdência Social Wolney Queiroz, durante entrevista no Planalto
O presidente do INSS Gilberto Waller, o Advogado Geral da União (AGU), Jorge Messias, o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, o ministro da Previdência Social Wolney Queiroz, durante entrevista no Planalto

“Vi que um deputado fez um vídeo ontem com o objetivo de lacrar e causar terror e pânico na população. Espero que ele pergunte ao antigo ministro da Previdência porque o ministério não adotou providências necessárias para investigar quando já havia denúncias de irregularidades”, afirmou, entre outras cutucadas. Fracas, já que, neste governo, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, caiu, justamente, por não investigar quando já havia denúncias de irregularidades.

Parte do tempo da coletiva, no entanto, teve que ser usada para defender a Controladoria-Geral da União (CGU) de ataques que vieram, agora publicamente, do próprio governo. No fim de abril, pouco depois de a Operação Sem Desconto ser desencadeada, o Broadcast havia informado que, nos bastidores, a cúpula do governo estava incomodada com a forma como as investigações foram divulgadas. A avaliação na época era que o Planalto tinha sido o “último a saber” dos escândalos e o aspecto político poderia ter sido abordado de uma forma mais cuidadosa no dia da operação.

Em entrevista ao jornal O Globo nesta quinta-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, expôs o incômodo e disse que a CGU não alertou o governo sobre as fraudes e falhou ao não fazer os alertas devidos “a nível de ministro” assim que as primeiras apurações apareceram.

Questionado nesta quinta-feira, Carvalho disse que vários alertas foram dados nos últimos anos, afirmou ter a confiança de Lula e ainda mandou recados: “Essa tarefa vai ser cumprida porque nosso objetivo é investigar tudo isso profundamente e responsabilizar quem precisa ser responsabilizado, doa a quem doer”.

Enquanto isso, a oposição pressiona pela abertura de uma CPI no Congresso para apurar as fraudes. Deputados governistas até têm dito que poderiam apoiar para focar as investigações no governo Bolsonaro, mas o fato é que Lula não gosta de CPIs – diz que se sabe como começa, mas nunca como termina. E tem dois “engavetadores” atuando a seu favor no momento: o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e, especialmente, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que está com Lula no momento em viagem à Ásia.

Na tentativa de virar a página da crise, o governo vem anunciando um plano de ressarcimento das vítimas que, até agora, ainda não se sabe como será financiado. Por mais que busquem reparações na Justiça ou apreensão de bens, o volume insuficiente e a morosidade do Judiciário não devem dar conta de reembolsar todo mundo que foi afetado.

Já está claro que, por mais que os ministros desconversem, em algum momento, parte do valor será mesmo bancado pelo Tesouro Nacional. Ou seja, a conta das fraudes caberá à sociedade que, como disse um integrante da equipe econômica, acabará pagando duas vezes.

 

 

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