Mães invisíveis
Existem mães que não recebem flores.
Nem mensagem. Nem um telefonema.
Existem mães que passam o Dia das Mães em silêncio, com o peito cheio e as mãos vazias.
Elas não aparecem nas propagandas. Não são mencionadas nos discursos emocionados.
São mães reais — que, por algum motivo, foram esquecidas.
Algumas foram julgadas duramente por suas falhas. Outras foram distorcidas por narrativas alheias. Algumas perderam os filhos para o tempo, para o ego, para o distanciamento que a vida às vezes impõe. Outras foram rejeitadas sem nunca terem tido a chance de explicar sua dor. E há também aquelas que, mesmo presentes, foram apagadas.
São as mães “invisíveis”.
Mães que deram tudo o que tinham, mas não foram vistas. Que carregaram no colo, na alma, no corpo — e mesmo assim foram acusadas de não ter sido o suficiente.
Mães que tentaram proteger seus filhos, mas foram desautorizadas, desacreditadas, desfeitas.
Mães que foram obrigadas a se calar diante de versões fabricadas. Que assistem seus filhos virarem adultos carregando dores que não sabem de onde vêm — e que projetam nelas.
Para essas mulheres, o Dia das Mães não é feito de homenagens.
É feito de lembranças cortantes, de silêncio que grita, de ausência viva.
Esse texto é para elas.
Para quem não tem espaço nem para chorar em voz alta.
Para quem aprendeu a seguir, mesmo sem saber como continuar.
A maternidade idealizada não reconhece essas histórias. Mas elas existem — e resistem.
Ser mãe não deveria significar se anular.
Não deveria significar aceitar desrespeito em nome do amor.
Não deveria exigir silêncio diante da injustiça.
É preciso dizer: há mães que estão de pé, mesmo despedaçadas.
Há mães que não deixaram de amar — só deixaram de ser ouvidas.
Neste Dia das Mães, que possamos abrir espaço para a escuta. Para as histórias que não cabem nas legendas. Para os corações que seguem batendo mesmo quando ninguém mais os chama de lar.
E que, um dia, todas as mães possam ser vistas como são: inteiras na sua imperfeição.
Humanas. Profundas. E, sobretudo, dignas de amor.