30 de junho de 2025
Politica

Declaração de Lula sobre ‘genocídio’ de Israel abre disputa na comunidade judaica

A comunidade judaica no País passa por uma disputa pública após o presidente Lula (PT) dizer no sábado, 10, que Israel comete genocídio matando crianças e mulheres em Gaza “a pretexto” de eliminar terroristas. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou que Lula cometeu antissemitismo, acusação rebatida nesta segunda-feira, 12, pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Procurados, a Conib e o Palácio do Planalto não responderam.

“No afã de sequestrar o tema do antissemitismo, ao polarizar a comunidade judaica em relação ao presidente e ao acusar Lula de antissemitismo, a Conib produz um texto antissemita”, afirmou o Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da UFRJ.

O que disse Lula

Em conversa com jornalistas na Rússia, no sábado, 10, voltou a tratar as investidas de Israel contra o Hamas no território palestino como um genocídio.

“Na Faixa de Gaza é um genocídio, de um exército muito bem preparado contra mulheres e crianças a pretexto de matar terroristas. Já houve caso de explodirem um hospital e não ter um terrorista, só mulher e criança”, afirmou. O presidente viajou a convite do presidente russo, Vladimir Putin, para assistir a um desfile militar que marcou os 80 anos da derrota dos nazistas.

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O que disse a Conib

Como mostrou a Coluna do Estadão, no domingo, 11, o presidente da Conib, Claudio Lottenberg, disse que “acusar judeus de matar crianças é uma das formas mais antigas e deploráveis de antissemitismo”.

“É lamentável e perturbador que o presidente do nosso País siga promovendo este libelo antissemita pelo mundo. O Brasil é um País onde a comunidade judaica vive em paz e segurança, mas o presidente Lula, com suas falas antissemitas, parece querer criar problemas para a nossa comunidade ao promover o antissemitismo entre seus apoiadores, numa atitude irresponsável e destrutiva”, completou o comunicado da Conib.

O que disse o Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ

O grupo de estudos da UFRJ rechaçou nesta segunda-feira, 12, a nota da Conib, acusando a confederação de distorcer a declaração do petista, e saiu em defesa de Lula.

“Em uma clara distorção da fala do presidente Lula, a Conib o acusa de responsabilizar os judeus (e não Israel ou seu exército) por mortes de crianças”, afirmou o comunicado, acrescentando que a Conib usa uma definição de “antissemitismo cristão medieval”.

“Um verdadeiro absurdo. A Conib precisa falar em nome de todos os judeus e não somente de um setor ideológico com o qual ela parece se identificar. A nota da Conib não nos representa”, completou o Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ.

Brasil e Israel tiveram rusga diplomática em 2024

Em fevereiro de 2024, Lula disse que o Exército de Israel cometia genocídio contra os palestinos e fez referência ao Holocausto durante a ditadura nazista de Adolf Hitler. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente na ocasião.

Em resposta, Israel convocou o embaixador brasileiro no país para um evento no Museu do Holocausto, atitude que foi lida pelo Itamaraty como uma humilhação. Lula foi declarado “persona non grata” pelo governo israelense, ou seja, alguém que não é bem-vindo no país. Três meses depois, o Brasil retirou seu embaixador de Israel. O posto continua vago.

 

 

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