Motta fala em deixar legado de reforma administrativa, mas reclama de ambiente conturbado na Câmara
BRASÍLIA – O presidente da Câmara, Hugo Motta, disse que gostaria de deixar uma reforma administrativa como o “grande legado” da sua gestão à frente da Casa. “Se nós conseguíssemos fazer uma discussão sobre o Estado brasileiro, discutirmos a pauta administrativa, nós conseguiríamos, ao lado da reforma tributária, darmos mais uma grande indução ao crescimento econômico do Brasil”, disse em evento realizado pela Revista Veja em Nova York nesta terça-feira, 13.
Motta afirmou que a discussão sobre a eficiência da máquina pública não deve retirar “direitos de absolutamente ninguém que está na ativa”, mas tem que sinalizar “para o futuro com a máquina pública mais eficiente, que consiga entregar à sociedade um resultado melhor dos serviços públicos”.
O deputado também argumentou que, embora o Brasil tenha crescido nos últimos anos, esse crescimento é muito tracionado pelo investimento público, com base no consumo, em uma trajetória que não é sustentável a longo prazo.

“O Brasil precisa fazer o dever de casa para ter um crescimento econômico mais consistente na relação com o investimento privado, o investidor que vai investir no Brasil em energia, em logística, em construção civil, na industrialização”, defendeu.
Para Motta, os “potenciais” do País só poderão ser explorados com juros menores, e para isso o governo precisa fazer seu “dever fiscal”. Na semana passada, o Banco Central (BC) aumentou a taxa Selic para 14,75% ao ano.
Deputado cita turbulência com anistia, greve de fome e trancamento de ação
No mesmo evento, o presidente da Câmara afirmou que a “polarização na pauta de costumes” tem sido dominante e que há “uma ausência de um debate estratégico para o País”.
“Eu podia relatar aqui alguns dos pontos que nós conseguimos avançar nesses três meses (desde o início do ano Legislativo), mas isso tudo com pauta de anistia, com um deputado outro dia fazendo greve de fome, com trancamento de ação penal de outro deputado, então você tem ali um cenário de turbulência constante que muito mais atrapalha do que ajuda nessas pautas que realmente importam”, disse o deputado.
Motta disse que tem conversado com deputados sobre a “necessidade de sairmos de uma pauta tóxica e entrarmos em uma pauta realmente importante para o País”.