STJ prorroga por mais 180 dias medidas cautelares contra Gladson Cameli e aliados
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prorrogou por mais 180 dias as medidas cautelares que atingem o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), e outros investigados na Operação Ptolomeu.
A ministra Nancy Andrighi, relatora do processo, votou para rejeitar recursos das defesas e manter as restrições. Ela foi seguida por unanimidade. O julgamento ocorreu no dia 7 de maio.
“Estou concluindo pela manutenção das medidas cautelares e também agrego a informação de que foram impetrados três habeas corpus no STF na defesa dos investigados e o Supremo manteve todas as medidas cautelares que o STJ decretou”, defendeu a ministra.
As medidas cautelares incluem o afastamento de servidores, a suspensão das atividades econômicas de empresas sob suspeita e a restrição de contato entre os investigados.

Gladson Cameli responde a um processo por suspeita de lavagem de dinheiro, corrupção, peculato e fraude à licitação. A denúncia foi recebida em dezembro de 2024.
O advogado Pedro Ivo Velloso Cordeiro, que representa o governador, afirma que ele é vítima de “perseguição” e que as acusações não foram provadas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) atribui a Gladson Cameli o papel de liderança em um suposto esquema de desvios em contratos públicos do Acre. Ele é apontado como o principal beneficiário do dinheiro desviado.
A denúncia envolve um contrato da Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano do Estado do Acre com a empresa Murano Construções, em maio de 2019, no primeiro mandato do governador, para manutenção de prédios públicos.
Os investigadores identificaram que, um dia após a assinatura do contrato, a Murano fechou uma parceria com a Rio Negro, administrada por Gledson Cameli, irmão do governador, que teria recebido quase R$ 2 milhões.
Para os investigadores, está claro que houve um acerto para a contratação indireta da empresa do irmão do governador e uma tentativa de ocultar sua participação para não chamar atenção de órgãos de investigação e controle.
Uma das provas consideradas centrais no inquérito é a compra de um apartamento, avaliado em R$ 6 milhões, no bairro dos Jardins, em São Paulo. O imóvel é apontado como pagamento de propina.
A PGR também alega que houve superfaturamento e sobrepreço do contrato, estimados em R$ 11,7 milhões.
A Operação Ptolomeu foi fatiada em nove inquéritos, que miram outros contratos suspeitos. Já são dezenas de investigados e mais de 22 mil páginas de documentos. Gladson Cameli é o principal alvo das investigações.