16 de maio de 2025
Politica

O governo Lula quer que vejamos o Brasil de cabeça para baixo

Nada mais representativo da atual conjuntura política brasileira do que a fotografia do novo mapa-múndi, produzido pelo IBGE, com o Brasil invertido – segurado pela ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann – tirada em algum salão na China este mês. Revela o que Lula, Janja, o petismo e tanta gente quer que nós achemos do País – e de quebra do seu próprio governo.

Dilma Rousseff e Marcio Pochmann exibem mapa-múndi invertido do IBGE
Dilma Rousseff e Marcio Pochmann exibem mapa-múndi invertido do IBGE

Essas pessoas consideram a gestão do Palácio do Planalto excelente, talvez impecável. O problema é que a extrema-direita, em conluio com as Big Techs, manipularam os algoritmos e controlam as redes sociais de maneira a boicotar a chegada da informação das virtudes do governo ao povo. E, de quebra, esses empresários vis mandam as plataformas divulgarem com mais vigor os vídeos produzidos pela oposição ao petismo. Curiosamente, até a empresa chinesa Tik Tok estava envolvida nisso. Talvez porque o ditador Xi Jinping estivesse distraído. Mas a primeira-dama fez um pedido e Jinping irá mandar um assessor para tratar do assunto por aqui. Provavelmente censurando, quer dizer, regulando a empresa nesse Brasil invertido.

Há uma enorme crise envolvendo o INSS. Bilhões roubados dos aposentados por pessoas ignóbeis. Um esquema que parece ter começado há uns cinco anos e cresce exponencialmente até chegar a 2025. Aparentemente, é uma obra conjunta que envolve diversas gestões federais. Mas o governo quer que acreditemos que o roubo ocorreu até 2022. Desde então, segundo os defensores, foi iniciada uma grande investigação para prender os culpados. “Lula salvou o INSS”, afirmam os apoiadores do Brasil invertido quando se sabe que os desvios escalaram sob direção petista.

O Banco Central segue a aumentar a taxa de juros, mesmo sob o comando de Gabriel Galípolo, nomeado por Lula. Mas isso é uma ilusão de nossas cabeças. O pessoal que defende o mapa invertido quer nos fazer acreditar que a culpa segue sendo de Roberto Campos Neto, o ex-presidente da autarquia.

Nessa cartografia, sempre que as taxas de juros se elevarem, é o espírito de Campos Neto em ação e Galípolo não tem defesa. Não custa lembrar que Pochmann – o idealizador do novo mapa – foi uma voz crítica a uma paixão brasileira: o Pix, criado pelo BC. Considerou o mecanismo “mais um passo na via neocolonial” que nos transformaria em um protetorado dos EUA. No Brasil invertido, talvez o Pix não existiria.

Do ponto de vista internacional, os defensores do mapa invertido consideram Lula um grande estrategista, que a partir do Sul lidera a resistência planetária aos interesses escusos dos Estados Unidos. Por isso, estamos juntos de países como Irã, China, Rússia, Venezuela e outras ditaduras, muitas vezes sanguinárias, contra os ianques. E quem diz que é contraditório defender a democracia e se unir com essas nações, são apenas subservientes aos estadunidenses. O complexo de vira-latas os impediria de admirar o mapa com o Brasil invertido no centro do mundo.

De fato, do ponto de vista do universo sideral, a posição relativa dos países no Globo é apenas uma escolha humana, com motivos mais históricos do que cosmológicos. Se a trajetória da civilização fosse diferente, se no Brasil houvesse uma civilização semelhante ao império romano, quem sabe, existiria alguma chance remota de o mapa ser de fato como sonha (ou delira) Pochmann. Mas a história ocorreu de outra maneira e, por isso, o mapa do nosso país vem de uma base estreita ao sul do planeta e se expande em direção ao norte. Uma imagem altiva. Já no mapa de Pochmann, o Brasil, mesmo no centro do mundo, passa a se assemelhar a um balão murcho.

Mas deixar o Brasil de cabeça para baixo não é privilégio do governo. Prestes a ser condenado e ir para a cadeia, Jair Bolsonaro segue a negar que houve tentativa de golpe de Estado, nega também que as vacinas salvaram vidas, e insiste em ser candidato à presidência da República, como disse em entrevista recente ao UOL. E caso não consiga, pretende indicar a esposa ou o filho no seu lugar.

Sim, nós merecemos inverter todos os quadros com imagem de fotos do Brasil, deixá-los de ponta cabeça, face a tantos desvarios de nossas figuras públicas.

 

 

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