2 de julho de 2025
Politica

Boulos em ministério deixa PSOL sem puxador de votos em SP, e partido fica nas mãos de Erika Hilton

A promessa feita por Guilherme Boulos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não concorrerá às eleições de 2026 se virar ministro deixará o PSOL sem seu maior puxador de votos em São Paulo. Uma ala do partido contrária a sua ida para a Secretaria-Geral da Presidência diz que a ausência do deputado na urna dificultará o objetivo da sigla de ultrapassar a cláusula de barreira.

Sem Boulos, a deputada Erika Hilton será o principal nome da legenda no Estado. Caberá a ela empurrar a legenda. Mas a aposta interna é de que Erika não tem o mesmo potencial de votos.

Em 2022, Boulos teve 1 milhão de votos, enquanto Erika obteve 256 mil. Psolistas ouvidos pela Coluna do Estadão avaliam que a deputada pode herdar parte dos votos de Boulos, mas projetam que ela não atingirá o mesmo patamar e ponderam que os dois têm perfis diferentes de eleitores. Procurados, Boulos e Erika não comentaram.

O PSOL tem hoje 13 deputados na Câmara e faz parte de uma federação com a Rede, que tem um. Para alcançar em 2026 a cláusula de barreira, o partido precisará manter esse número de parlamentares, entre outras exigências. Legendas que não cumprem a meta ficam sem acesso ao fundo partidário e a tempo de propaganda em TV e rádio.

Boulos também perdeu tração, avaliam integrantes do PSOL

Integrantes do PSOL avaliam que Boulos, caso concorresse à reeleição como deputado federal no ano que vem, teria menos votos porque sofreu críticas durante as eleições municipais por ter abandonado o “perfil ideológico de esquerda”. Mesmo assim, dizem ser inegável que ele contribuiria para impulsionar a votação da legenda e garantir o cumprimento da cláusula de barreira.

A expectativa é de que Lula coloque Boulos no lugar de Márcio Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência. Integrantes do PSOL afirmam que não houve uma consulta formal de Boulos ao partido para assumir a pasta. Por isso, avaliam que ele está em um “voo solo”, pensando na própria sobrevivência política.

O PSOL também teme perder a liberdade que teve, por exemplo, para criticar e votar contra o arcabouço fiscal proposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no primeiro ano do governo Lula, “sem pressão de cargos nos ministérios”.

O partido contava com Sônia Guajajara na pasta dos Povos Indígenas, mas Boulos é muito mais representativo na sigla. “Sem dúvida, se ele já fosse ministro naquela época, o cenário teria sido outro”, disse, sob reserva, um psolista.

Guilherme Boulos, deputado federal
Guilherme Boulos, deputado federal

 

 

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