1 de julho de 2025
Politica

CPMI do INSS estará a serviço da guerra política, das redes sociais e das mazelas do Congresso

Este nosso 2025 está de amargar. Não bastassem a perversidade de Donald Trump, a guerra sem fim na Ucrânia e o aniquilamento de Gaza, o ambiente no Brasil se deteriora perigosamente numa polarização insana em que os dois lados se autodestroem e preocupam o País. Assim, o primeiro caso da gripe aviária chega na pior hora e o que menos interessa na criação de uma CPMI do INSS é justamente o interesse nacional.

Um dado particularmente cruel é o efeito da crise aviária no Rio Grande do Sul, mas o impacto é nacional. O embargo ao frango brasileiro começou com China, União Europeia, Argentina, Uruguai e Chile e continua, com perdas que podem atingir US$ 200 milhões e neutralizar a expectativa de uma supersafra de 326 milhões de toneladas na agricultura. Alegria de pobre dura pouco.

Agência do INSS em Copacabana zona sul do Rio de Janeiro
Agência do INSS em Copacabana zona sul do Rio de Janeiro

Como tanta insegurança externa e interna, o que o Brasil lucra com uma CPMI sobre o INSS, que dará palanque a uma disputa política em que nenhum dos lados tem a ganhar? Será um perde e perde, expondo uma roubalheira que o governo Bolsonaro fingiu não ver, explodiu no governo Lula e foi atacada em 2025. E mais: uma CPMI vai expor um Congresso caro e atolado em privilégios e disputas mesquinhas.

Estamos em maio e o que foi votado de relevante na Câmara e no Senado? A conclusão da reforma tributária? Políticas para transporte, educação, ambiente? O pacote da Segurança? A PEC dos militares, contra a política nas Forças Armadas? E a regulamentação das redes sociais? Só quando o “especialista em censura” da China chegar?

O que importa no escândalo do INSS é investigação implacável da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União, compensação eficiente de quem foi lesado, punição das entidades fraudadoras e prisão e bloqueio de bens dos criminosos. Além de uma revolução interna na fiscalização e na própria gestão do órgão. A corrupção é parte das mazelas. E a fila do INSS? Os 2,7 milhões à espera de seus direitos?

Uma CPMI não contribui em nenhuma dessas frentes, só vai consumir a (já baixa) energia do Congresso na guerra política e gerar muito material para as redes sociais baterem bumbo para o seu lado, atacarem o lado adversário e desacreditarem ainda mais a política, os políticos, as instituições e, em última instância, a democracia.

Há, ainda, a questão temporal. Uma CPMI na ribalta, sob holofotes, vai varar o segundo semestre e se embolar com o julgamento do golpe de Estado no STF, a cúpula dos Brics no Rio e até com a COP 30 em Belém. Uma barafunda, um pandemônio, com o Congresso afundando nas suas próprias picuinhas e na sua própria lama. E o País, como fica?

 

 

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