Favorito para presidir a CBF responde a processo por fraude em hospital público
O médico Samir Xaud, favorito para presidir a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), responde a um processo de improbidade administrativa por supostas fraudes quando era diretor-geral do Hospital Geral de Roraima (HGR). Segundo o Ministério Público (MP) estadual, Xaud e outros seis gestores atuaram na falsificação de documentos para simular serviços e geraram um prejuízo de R$ 1,4 milhão ao governo do Estado. A ação tramita na Justiça de Roraima.
Procurado pela Coluna do Estadão, Samir Xaud afirmou, por meio de seus advogados, que o processo não mostra “qualquer indício de irregularidade” de Xaud, e que isso será demonstrado à Justiça. Acrescentou que não há impedimento legal para assumir cargos em entidades associativas, em referência à CBF. Leia a íntegra do comunicado ao fim desta reportagem. Procurada, a CBF não respondeu.
A CBF elegerá seu novo presidente no próximo dia 25. O então comandante da entidade, Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo na última quinta-feira, 15. Até a eleição, a confederação é gerida pelo interventor Fernando Sarney. Eleito para presidir a Federação Roraimense de Futebol (FRF) a partir de 2027, Samir Xaud tem ganhado força para assumir a CBF e é o mais cotado na disputa, como mostrou o Estadão.
Hospital pagou por serviços inexistentes, diz MP
O processo por improbidade administrativa contra Xaud foi movido no fim de 2023 pelo Ministério Público de Roraima, com base em uma apuração do Tribunal de Contas do Estado. O MP apontou um “expediente fraudulento” de gestores do Hospital Geral de Roraima entre 2017 e 2020 para favorecer indevidamente a empresa Coopebras, por meio de documentos falsos. A ação segue tramitando.
Essas falsificações, de acordo com o MP, visavam a pagar a companhia por serviços não prestados, como plantões médicos, exames, cirurgias e uso de equipamentos hospitalares. O prejuízo aos cofres públicos foi estimado em R$ 1,4 milhão e deve ser restituído pelos acusados de improbidade, pediu o Ministério Público.
Além de Xaud, que era diretor-geral do HGR, foram acusados outros diretores do hospital público e fiscais de um contrato da Secretaria de Saúde de Roraima com a empresa suspeita de receber verba irregularmente.
“Associado ao desfalque patrimonial sofrido pelo Estado de Roraima, tem-se flagrante atentado aos referidos princípios norteadores da atuação dos agentes públicos, cometido de forma intencional, deliberada, com evidente má-fé, evidenciada pelo expediente fraudulento que empregaram para permitir o desvio de finalidade e, consequentemente, os pagamentos indevidos em favor da Coopebras”, escreveu o promotor Igor Costa.
Para o promotor, os gestores do hospital, incluindo Xaud, “foram os responsáveis por informar serviços médicos (atendimentos, exames ou procedimentos cirúrgicos) que sequer foram comprovadamente prestados em favor da população roraimense”.
Leia a íntegra da nota da defesa de Samir Xaud:
“O Escritório Morais Advogados esclarece que o processo em questão não apresenta qualquer indício de irregularidade por parte do Dr. Samir Xaud, cuja conduta — tanto na vida pública quanto na privada — sempre foi pautada pelo estrito cumprimento das leis da República. Tal circunstância será devidamente demonstrada nos autos, no momento oportuno.
Ressaltamos, ainda, que não existe qualquer impedimento legal ou judicial que obste o Dr. Samir Xaud de assumir ou exercer funções públicas ou cargos em entidades associativas.
O histórico de integridade e compromisso público marca a trajetória do Dr. Samir Xaud. Ao longo de sua carreira, sempre atuou com transparência, responsabilidade e respeito às instituições, sendo reconhecido por sua conduta ética e dedicação ao interesse coletivo.”