30 de junho de 2025
Politica

A falação de Janja atinge Lula nas pesquisas, enquanto Michelle faz política pelo Brasil

Há vários dias que, aonde se vá, a conversa acaba na intervenção de Rosângela Lula da Silva, a Janja, no protocolar jantar oferecido pelo presidente da China, Xi Xinping, e sua esposa Peng Liyuan ao casal brasileiro e sua comitiva. Xi Xinping é um dos governantes mais sóbrios que já vi. Formalíssimo, o que se estende a sua mulher; Imagino qual não foi a surpresa ao ser interpelado por Janja para falar sobre o TikTok. “Não há protocolo que me faça calar”, afirmou Janja, senhora de si, já aqui no Brasil.

O que Janja e quem sabe até o próprio Lula parece que não desconfiaram ainda é que há, sim, quem a faça calar. E não é um protocolo, mas um ser humano de carne e osso que atende pelo nome de Michelle Bolsonaro. Enquanto Janja perambula pelas cidades que o Itamaraty em tom jocoso chama de circuito Elizabeth Arden (Paris, Londres, Roma, Nova York), dizendo que participa de encontros da Aliança Global contra a Fome (um bloco multilateral formado por 142 membros entre países, instituições internacionais e organizações não governamentais), Michelle, quietinha, quase sempre acompanhada pela amiga, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), vai andando Brasil afora. Se fosse hoje, segundo pesquisas partidárias, estaria eleita pelo menos senadora.

A primeira-dama Janja e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro
A primeira-dama Janja e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro

Evangelizando grupos de mulheres, orando, defendendo o marido, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro – inelegível até 2030 – e visitando nas periferias aquele pessoal que nunca na vida vai jantar com Xi Xinping. Aliás, sequer sabe quem é o dono desse nome esquisito.

Alguma vez você soube de uma visita de Janja – sem o marido – ao interior do Nordeste, ou conhecendo as palafitas dos moradores na beira dos rios no Amazonas, os agricultores que dependem das cisternas (que nunca são entregues) para terem água?

Alguma vez vimos uma foto de Janja conhecendo um centro de tecnologia, de excelência, que existem muitos no Brasil? Ou mesmo alguma entidade que tenha sido beneficiada por um projeto da Aliança Global Contra a Fome?

Mas, no governo, no Palácio do Planalto, esses temas são interditados. E olhe que não faltam marqueteiros e consultores para alertar Lula e seus principais assessores que a sociedade brasileira é conservadora e que na bolha de Janja só cabem os convertidos. Que os homens brasileiros, principalmente no interior, acham que o lugar da primeira-dama é abaixo daquele ocupado pelo presidente. E que os eleitores nas pesquisas qualitativas – como as feitas pelo CEO do Instituto Travessia, o cientista político Renato Dorgan, desaprovam Janja. E ainda sobra uma rebarba para Lula, que perde mais popularidade e aprovação. Entretanto, como falta um tempo para a eleição, ainda dá tempo de Lula perceber que Janja precisa aprender quando falar e quando calar.

 

 

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