A complexa relação da infância em conflito com a lei: desafios socioeconômicos e vulnerabilidade
O crescente número de crianças e adolescentes envolvidos em atos infracionais no Brasil é um fenômeno multifacetado que clama por uma análise aprofundada. Se as raízes socioeconômicas, marcadas pela desigualdade e falta de oportunidades, são inegavelmente relevantes, uma nova camada de preocupação emerge: a vulnerabilidade digital. Em famílias com maior poder aquisitivo, a falta de supervisão do acesso à vasta e por vezes perigosa rede mundial de computadores apresenta-se como um fator de risco significativo, expondo jovens a influências negativas e potenciais caminhos para a ilegalidade.
A entrada precoce no mundo do crime está frequentemente ligada a um cenário de privações e ausência de perspectivas. A desigualdade social, a pobreza extrema, a violência doméstica e a desestruturação familiar criam um ambiente de alta vulnerabilidade. Em contrapartida, os casos que tem recentemente ganhado destaque em cenário nacional é permeado por crianças e adolescentes em lares com maior poder aquisitivo, uma forma, ao que tudo indica, de negligência parental que se manifesta na falta de monitoramento e orientação no ambiente digital.
Com efeito, a exposição irrestrita a conteúdos inadequados, desafios perigosos nas redes sociais, comunidades online com influência nociva e até mesmo informações sobre atividades ilícitas podem normalizar comportamentos de risco.
A ausência de diálogo sobre o uso responsável da internet e a falta de limites no tempo online podem levar a um isolamento virtual e a uma desconexão com as consequências reais de seus atos.
Desse modo, o aumento de casos, independentemente da origem socioeconômica, sobrecarrega um sistema socioeducativo que luta para oferecer uma resposta eficaz. A superlotação, a escassez de recursos e a necessidade de abordagens individualizadas são desafios persistentes.
Assim, o impacto na sociedade se manifesta no aumento da insegurança e no estigma que dificulta a reinserção dos jovens. É crucial reconhecer que a prática de atos infracionais por jovens com maior poder aquisitivo também gera um impacto social significativo, questionando a percepção de que a criminalidade juvenil é um problema exclusivo de camadas desfavorecidas.
A reversão desse cenário complexo exige uma atuação em diversas frentes. Investir em políticas públicas que mitiguem as desigualdades sociais e ofereçam oportunidades é fundamental.
Paralelamente, é imprescindível promover a conscientização dos pais, em todas as classes sociais, sobre a importância da supervisão ativa e do diálogo em relação ao uso da internet por seus filhos. Estabelecer limites claros, orientar sobre os riscos online e incentivar o uso saudável e educativo da tecnologia são medidas preventivas cruciais.
Como se sabe, o sistema socioeducativo, a prioridade deve ser o acolhimento em consonância com a ressocialização,por meio de programas que considerem as particularidades de cada jovem e ofereçam ferramentas para a construção de um futuro diferente, mas como é absolutamente evidenciado pela falência do Sistema, não é só o Estado que tem a obrigação desta mudança de paradigma, é fundamental a participação direta da Sociedade, começando por uma nova abordagem familiar, especialmente nos lares com maior poder aquisitivo, onde participação dos Pais é fundamental.