Saiba quanto empresa de espião russo recebeu em contratos com Exército e outros órgãos do governo
Artem Shmyrev, o espião russo que montou um disfarce completo para se passar por brasileiro, montou um esquema que parecia tão verossímil, enquanto morava no Rio de Janeiro, que firmou contratos até com o governo federal. Entre os anos 2020 e 2022 sua empresa, a 3D Rio, fez vendas de produtos de impressão para os ministérios da Defesa e da Cultura.
Dados do Portal da Transparência mostram que foram fechados cinco contratos. Os valores das compras, que incluíram serviços de modelagem, impressão e acabamento em 3D, variaram de R$ 3 mil a R$ 8,5 mil. O sistema aponta “fase de pagamento” e confirma que a autorização para os serviços foi dada para enfrentamento de emergência de saúde. Na época, o Brasil estava em pleno enfrentamento da pandemia de Covid 19.
Na área da Defesa, a contratação da 3D Rio atendeu o Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha e o Batalhão de Polícia do Exército, ambos no Rio de Janeiro. Na Cultura o serviço foi prestado ao Centro Técnico do Audiovisual.
Os dados do Portal da Transparência também mostram que empresa do espião russo inicialmente foi registrada como Gerhard Daniel Campos Wittich, que era o nome usado por Artem ShmyrevDepois passou a ser 3D Especializada LTDA e, por fim, 3D Rio Impressão. A empresa indicou atividades de publicidade. O registro comercial mostra abertura em oito de janeiro de 2018.

Reportagem do NYT mostra como a Rússia transformou o Brasil numa fábrica de espiões
Reportagem do New York Times mostra que Artem Shmyrev enganou a todos. Diz que o agente da inteligência russa parecia ter criado o disfarce perfeito: comandava uma bem-sucedida empresa de impressão 3D e morava em um apartamento de luxo no Rio de Janeiro, junto com a namorada brasileira e um gato felpudo, de pelagem laranja e branca, da raça Maine Coon.
Mas, principalmente, ele tinha uma certidão de nascimento e um passaporte autênticos, que legitimavam seu nome falso: Gerhard Daniel Campos Wittich, um cidadão brasileiro de 34 anos.
Por anos, segundo investigação do New York Times, a Rússia usou o Brasil como ponto de partida para a elite de seus oficiais de inteligência, os chamados “ilegais”. Mas policiais federais brasileiros trabalham, discretamente, para desmontar o esquema.
Grandes operações de espionagem russas já haviam sido descobertas no passado, inclusive nosEstados Unidos em 2010. Mas esta era diferente. O objetivo não era espionar o Brasil, e sim tornar-se brasileiro.