15 de agosto de 2025
Politica

Trump e Brasil: quebra de confiança, relações azedas e incertezas pela frente

O que ainda falta para admitirmos que a ação impatriótica do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro está funcionando e há uma escalada do governo Donald Trump contra o Brasil? Uma escalada, aliás, que não é exclusiva, mas se expande por toda parte, excluindo regimes sangrentas que promovam genocídio para criar um super resort em Gaza ou que deem aviões top de linha e boas perspectivas de negócios para Trump.

Já há três episódios em sequência, para não deixar dúvidas da escalada contra o Brasil. O mais recente veio do secretário de Estado, Marco Rubio, admitindo “grande possibilidade” de aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes e que vem após a pressão para o Brasil passar por cima das próprias leis para classificar PCC e CV como “terroristas” e a oferta da embaixada americana de US$ 10 milhões para brasileiros que denunciarem a presença do Hezbollah na Tríplice Fronteira.

Alexandre de Moraes é possível alvo da gestão Donald Trump
Alexandre de Moraes é possível alvo da gestão Donald Trump

São manifestações deselegantes, grosseiras, desrespeitosas, arrogantes e fora das regras diplomáticas internacionais, uma clara ingerência em assuntos internos e ameaça à soberania nacional que irritam o Planalto, Supremo, Itamaraty, Defesa, Exército, Ministério da Justiça, Polícia Federal, parte do Congresso e, espera-se, a opinião pública nacional.

Afinal, onde Trump pretende chegar? E o que pretendem os Bolsonaro, ao difamar as instituições e atiçar a (ainda) maior potência contra a Pátria que tanto diziam defender? Para tentar livrar o chefe do clã da prisão e de futura tornozeleira? Deus, Pátria, Família? Que nada!

Na prática, a ameaça a Moraes é de proibi-lo de entrar nos EUA, congelar seus bens, cancelar suas contas bancárias e seus cartões de crédito com bandeira norte-americana e, ainda, encerrar suas contas na internet, como Gmail, Gdrive, Youtube e Globoplay. Por enquanto é só ameaça, mas não foi feita por qualquer um, mas por, nada mais, nada menos, que pelo secretário de Estado.

A pressão para classificar PCC e Comando Vermelho como terroristas é totalmente inadequada. Não tem nada a ver com ser mais ou menos leniente com ambos, o que pode nem ser tão longe assim da verdade. O problema é que a legislação brasileira distingue organizações criminosas de terroristas, que são usadas para crimes vinculados a ideologias, política, religião…

Não se ouve quem defenda que o Brasil devesse ceder, nem na área diplomática nem na policial, por exemplo, que é a responsável direta pelo combate à criminalidade interna e nas fronteiras e a mais interessada no combate a PCC, CV e coisas do gênero. Até porque, quem são os americanos para virem aqui dentro para dizer que temos de fazer isso ou aquilo? “Quintal dos EUA” é coisa velha. Menos na cabeça de Trump e seus alidados – inclusive brasileiros.

E o tal prêmio de US$ 10 milhões para cidadãos dos três países que denunciem a presença do Hezbollah na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina? Sem noção… é um tapa na cara da PF, dos órgãos de inteligência, do governo brasileiro. Um desrespeito. Uma provocação. Basta surgir um vigarista qualquer e dizer que viu um terrorista e… pronto! Está criada a confusão.

O diretor geral da PF, Andrei Passos, aliás, tem reunião marcada na área na próxima semana para discutir ações conjuntas. E, por coincidência, ou não, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, recebeu na mesma terça-feira, no dia seguinte à oferta de delação, o comandante do Exército da África do Sul e o Comandante do Comando Sul dos EUA.

Para o africano, salva de tiros, tapete vermelho, coquetel. Para o americano, água e cafezinho. Ah! E pão de queijo. Explicação “técnica”: um tem cargo equivalente ao do general Tomás e o outro é “apenas” comandante de área. Ah, bem! Está explicado. Mas os cristais estão trincados, com quebra de confiança e relações cada vez mais azedas.

 

 

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