O que oposição e governistas dizem sobre possível sanção dos EUA contra Moraes
Após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ser citado pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio na Câmara dos Representantes americana nesta quarta-feira, 21, governistas e oposicionistas se posicionaram sobre a possível sanção por parte do governo de Donald Trump contra Moraes.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se mudou para o país americano em março justamente para buscar sanções estrangeiras contra o ministro – relator da ação penal contra o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL) –, comemorou: “Venceremos!”. Eduardo também fez outras publicações sobre o tema, afirmando, por exemplo, que só agora “a esquerda e o establishment” estão “levando a sério” o poder dos americanos em interferirem no Brasil.
A esquerda/establishment está em desespero pois só agora estão levando a sério e descobrindo a magnitude das sanções americanas
Pela 1ª vez Moraes está jogando fora de casa (Brasil) e não adianta ameaçar @realDonaldTrump, eles não têm armas para esta batalha
Completo… pic.twitter.com/95sANMzQGS
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) May 22, 2025
Dois de seus irmãos acompanharam a comemoração de Eduardo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chamou Moraes de “o maior destruidor da democracia brasileira”, comentando uma notícia da Folha de S. Paulo de que ministros do Supremo teriam chamado a sanção de “inadmissível” e que “gerará solidariedade”.
“Só vai gerar solidariedade de quem está dando suporte ao maior destruidor da democracia brasileira! E aí talvez a sanção a Moraes seja solidária a quem for solidário a ele!”, escreveu Flávio.
O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL), conhecido por suas mensagens enigmáticas, citou a Lei Magnitsky, mencionada pelo deputado republicano Cory Lee Mills na audiência que o ministro e o STF foram acusados de “perseguir a oposição, incluindo jornalistas e cidadãos comuns”.
Só por curiosidade: experimente ter o sobrenome Bolsonaro ou, em algum momento da sua vida, ter publicamente algum vínculo de amizade ou até mesmo simplesmente saber quem são – e saberá o que é, de certa forma, a Lei Magnitsky. É exatamente o que ocorre há tempos. Então surge a…
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) May 22, 2025
Tal lei é um dispositivo da legislação americana que permite que os Estados Unidos imponham sanções a acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos.
Além da família Bolsonaro, parlamentares bolsonaristas também comentaram o caso. O vice-líder da oposição na Câmara, deputado Maurício Marcon (Podemos-RS), também compartilhou a notícia sobre os ministros afirmarem que a sanção é inadmissível e vai gerar solidariedade. “Vão fazer o que cara pálida?”, ironizou, seguido de emojis de risadas.
Vão fazer o que cara pálida? 😂😂😂 https://t.co/jf9JHNybEi
— Mauricio Marcon (@Maubmarcon) May 22, 2025
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) publicou um trecho do programa Em Pauta, da GloboNews, afirmando que um dos jornalistas relata que “é algo sério que está para acontecer com o ministro”, e que Moraes terá “morte financeira”. “O melhor é vê-lo finalmente reconhecer como a censura extrapolou todos os limites: ‘hoje é com eles, amanhã pode ser comigo’.”
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) fez uma série de publicações sobre o caso. Ela afirmou que “com um Senado omisso, o caminho é combater a ditadura de fora”, e parabenizou o colega Eduardo pela dedicação. “Muitos que tentaram ridicularizar seu trabalho ainda verão os frutos do seu sacrifício.”
🚨URGENTE: Marco Rubio, Secretário do governo Trump, afirma: há grande possibilidade de Alexandre de Moraes sofrer sanções sob a Lei Magnitsky!
Já passou da hora de burocratas não eleitos responderem por seus atos de tirania e abusos constitucionais.
Com um Senado omisso, o… pic.twitter.com/pmg20YeIw9
— Júlia Zanatta (@apropriajulia) May 21, 2025
A deputada ainda comentou o posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que repudiou as ameaças americanas, afirmando que a ofensiva é “uma clara violação” à soberania nacional e aos princípios que regem a convivência internacional. Zanatta afirmou que advogados são “humilhados” por ministros, mas que o que importa é “puxar no saco do Xandy para não perder o ‘arrego’ nos tribunais”. A catarinense também ironizou o fato de a bancada do PT na Câmara ter se manifestado em solidariedade ao ministro: “Os mesmos que faziam protestos contra a nomeação de Moraes. A harmonia entre os poderes.”
A nota de repúdio às ameaças americanas foi publicada pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ). Os parlamentares petistas defenderam a “independência e a harmonia entre os poderes bem como a soberania das instituições brasileiras” e que o País não aceitará “qualquer forma de submissão ou ingerência estrangeira em nosso ordenamento jurídico”.
Bancada do PT repudia ameaças dos EUA ao ministro Alexandre de Moraes
A Bancada do PT na Câmara manifesta repúdio às gravíssimas declarações de ameaças de sanções feitas pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal…
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) May 21, 2025
O líder do governo na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT-CE), afirmou que o caso se trata de “retaliação” ao julgamento de Bolsonaro e os outros réus na ação penal por tentativa de golpe de Estado, e que a situação é “inadmissível”.
A ameaça do governo Trump de aplicar sanções ao Ministro Alexandre de Moraes, como retaliação ao julgamento de Bolsonaro e demais envolvidos na tentativa de golpe de Estado no Brasil, é uma violação da soberania nacional e do princípio da autodeterminação dos povos. Isso é…
— José Guimarães (@guimaraes13PT) May 23, 2025
“Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato parlamentar para morar nos Estados Unidos, precisa ser investigado, para que seja esclarecida a possível participação dele no ataque do governo Trump contra a Suprema Corte brasileira. Caso confirmado, ele deve ser levado ao tribunal e punido com o rigor da lei por crimes de alta gravidade, traição à pátria e ações que comprometem a integridade do Brasil.”
Nesta quinta-feira, 22, Lindbergh entrou com representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal licenciado, alegando que sua conduta nos Estados Unidos fere à soberania nacional e pede a prisão preventiva de Eduardo.
Os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também associaram o caso ao julgamento de Bolsonaro na trama golpista. Gleisi chamou a tentativa de intervenção de “vergonhosa” e que demonstra “desespero” do réu, se referindo ao ex-presidente.
É vergonhosa a conspiração de Bolsonaro com a extrema-direita dos EUA, em busca de intervenção estrangeira no Judiciário do Brasil. A recente ameaça do secretário de Estado dos EUA ao ministro Alexandre de Moraes merece repúdio e evidencia o desespero do réu com o avanço do…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) May 22, 2025
Já Teixeira questionou se foi isso o que Eduardo foi fazer nos Estados Unidos e mandou um recado para o deputado licenciado. “Alguém avise o Bananinha que o Brasil não é república de bananas, que não adianta Trump e Marco Rubio ameaçarem. É sem anistia.”