Drauzio Varella critica projeto de venda de remédio sem receita em supermercado
O médico Drauzio Varella criticou o projeto de lei que prevê a venda de remédios sem receita em supermercados. A proposta será discutida nesta terça-feira, 27, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, e opõe os setores de farmácias e mercados, como mostrou a Coluna do Estadão.
“Esses medicamentos não precisam de receita, é verdade. Mas isso não significa que eles sejam inofensivos. Um simples anti-inflamatório pode causar problemas no estômago, nos rins e até aumentar o risco de infarto”, afirmou Drauzio Varella, questionando: “O que vai acontecer quando esses medicamentos estiverem nos supermercados, sem nenhum profissional para dar orientações? Diga não à venda de medicamentos em supermercados”.
O vídeo foi publicado nas redes sociais por Drauzio e pela Associação Brasileira das Redes de Farmácias (Abrafarma), também contrária ao projeto de lei que tramita no Senado. Na avaliação do médico, a venda de remédios sem receita em supermercados tenderia a aumentar o número de mortes por envenenamento no Brasil.
Varella citou dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) monstrando que 18% dessas mortes podem ser atribuídas à automedicação. “E isso com os medicamentos vendidos nas farmácias, com farmacêuticos por perto”, disse. O médico afirmou ainda que farmacêuticos ajudam a “evitar erros que podem custar caro”.
Apresentado em 2023 pelo senador Efraim Filho (União-PB), o texto será debatido em uma audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado. Se for aprovado na Casa, seguirá para análise na Câmara. Procurado pela Coluna do Estadão, o senador afirmou: “A população já pode comprar remédios sem prescrição pela internet. O projeto busca reduzir o preço desses medicamentos ao aumentar a concorrência no setor”.

Associação de supermercados cita redução de preços
Como um contraponto à Abrafarma, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) alega que a aprovação do projeto reduziria os preços dos fármacos. A entidade cita uma pesquisa ainda inédita do Datafolha, que apontaria que 64% dos brasileiros defendem a medida.
O Ministério da Saúde e a Anvisa são críticos ao projeto de lei. A Anvisa citou preocupação com as condições sanitárias dos medicamentos nas vendas fora das farmácias.
Venda foi permitida no Brasil por um ano
A venda de medicamentos sem prescrição médica em supermercados já foi permitida no Brasil por cerca de um ano, entre 1994 e 1995. O então presidente Itamar Franco assinou uma medida provisória com a autorização, mas o trecho foi derrubado.