15 de agosto de 2025
Politica

Ex-diretor da PRF admite operações de fiscalização nas estradas em 2022, mas nega viés político

BRASÍLIA – O ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Djairlon Henrique Moura disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 27, que as operações do grupo no dia do segundo turno da eleição presidencial, em outubro de 2022, ocorreram para verificar a condição dos carros e dos transportadores, mas não impediram o fluxo de veículos de transporte durante a data.

Djairlon também confirmou a existência de uma operação da PRF para monitorar o transporte de pessoas da região Centro-Oeste e Sudeste para o Nordeste nos dias antes da eleição, mas negou que houve um direcionamento para afetar eleitores nordestinos.

Blitz do Exército no segundo turno, em Niterói. Polícia Rodoviária Federal fez operações pelo País naquele mesmo dia.
Blitz do Exército no segundo turno, em Niterói. Polícia Rodoviária Federal fez operações pelo País naquele mesmo dia.

Ele minimizou o impacto das operações do dia 31 de outubro de 2022. “Mais de 60% dos veículos fiscalizados não demoraram mais que 15 minutos para liberá-los”, disse. Segundo ele, o foco era verificar “as condições do veículo e do condutor”.

A audiência desta terça-feira faz parte da ação penal contra o chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado, composta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) e outros sete réus. Todos os ouvidos são testemunhas do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

O ex-diretor da PRF confirmou ter participado de uma reunião no dia 19 de outubro de 2022 em que, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) foi tratado de um “policiamento direcionado” que seria executado no segundo turno.

A denúncia traz uma conversa em um grupo de WhatsApp em que a ex-diretora de inteligência de Ministério da Justiça Marília de Alencar afirma que nessa reunião Anderson Torres foi “isento p… nenhuma” e “meteu logo um 22”, em referência ao número de urna de Jair Bolsonaro. Djairlon negou a existência de um policiamento direcionado ou de alguma manifestação parcial do ex-ministro.

Antes da oitiva, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, contestou o depoimento, já que o próprio Djairlon é indiciado em inquérito que investiga as blitze ocorridas no dia do segundo turno.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, lembrou por três vezes durante a audiência que o testemunho do ex-diretor da PRF sobre esse episódio não teria valor já que ele poderia mentir na condição de investigado.

Gonet também contestou a participação de Caio Rodrigo Pelim, que foi diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal na reta final do governo Bolsonaro.

Segundo o procurador-geral, ele é investigado nesse mesmo inquérito. Pelim e a defesa de Torres se disseram “surpresos” por não saberem disso.

Pelim, assim como Djairlon, participou da reunião do dia 19 de outubro de 2022 e disse que “pelo que presenciou” não houve algum policiamento direcionado ou teor político naquela reunião.

Um relatório produzido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) e encaminhado à Polícia Federal (PF) aponta indícios de que as blitze feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições presidenciais podem ter atrasado a chegada dos eleitores aos locais de votação.

Na época, Silvinei Vasques, aliado de Bolsonaro estava à frente da instituição e as operações se concentraram principalmente no Nordeste, região em que Luiz Inácio Lula da Silva costuma ter maior votação. Vasques foi preso preventivamente em agosto de 2023 em decorrência da investigação e foi solto depois de um ano, com a obrigação de usar tornozeleira eletrônica.

 

 

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