30 de junho de 2025
Politica

Aliado que atuou para blindar Ednaldo agora quer presença de novo presidente da CBF na Câmara

BRASÍLIA – O principal aliado do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ednaldo Rodrigues no Congresso Nacional, deputado José Rocha (União-BA), que atuou nos bastidores para blindá-lo na Câmara dos Deputados, agora quer convidar o novo chefe da entidade máxima do futebol, Samir Xaud, para prestar esclarecimentos.

Rocha vai apresentar um requerimento à Comissão de Esporte da Casa para que Xaud diga como será o planejamento da instituição para os próximos anos. A iniciativa, porém, deverá ter obstáculos, já que Xaud já tem aliados na Câmara.

Samir Xaud, de Roraima, foi eleito presidente da CBF.
Samir Xaud, de Roraima, foi eleito presidente da CBF.

A segunda-vice-presidente da Comissão de Esporte é a deputada federal Helena Lima, proprietária da Asatur, empresa que comprou os naming rights do Campeonato Roraimense de 2024 e patrocinadora master do Grêmio Atlético Sampaio, time vencedor da competição neste ano. Helena foi uma das principais articuladoras por Xaud nos bastidores.

“Como vice da Comissão do Esporte da Câmara, defendo um futebol mais inclusivo, transparente e conectado com as bases. Apoiei Samir desde o início por acreditar em sua liderança firme e transformadora”, escreveu a deputada em publicação em rede social.

Rocha não pretende incluir no requerimento a relação da CBF com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com o ministro Gilmar Mendes, relator do caso que acabou por destituir Ednaldo do cargo. Segundo ele, contudo, uma vez presente, os “deputados poderão perguntar sobre qualquer assunto”.

Enquanto Ednaldo esteve no poder, Rocha atuou para barrar a participação de Ednaldo em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara e o convite do ex-chefe da CBF para uma audiência pública na Comissão de Esporte, mesmo colegiado que agora ele quer que Xaud compareça.

“Em momento algum, vou deixar de afirmar que sou amigo pessoal do senhor Ednaldo Rodrigues. Isso é para ficar bem claro, bem claro”, disse Rocha, em sessão da CPI da Manipulação de Resultados em Partidas de Futebol.

Rocha, segundo a revista piauí, ganhou da CBF um regalo na Copa do Catar: hospedagem, passagem aérea e ingressos de graça para três jogos com direito a levar sua mulher. Os gastos com o agrado ao deputado baiano teriam sido de R$ 364 mil.

Três semanas atrás, quando Ednaldo corria risco de perder o cargo, ele atuou para impedir o convite na Comissão de Esporte.

O requerimento em questão queria discutir o acordo que manteve Ednaldo Rodrigues no poder, que foi alvo de contestação sob a acusação de que uma das assinaturas, de Antônio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes, era falsa.

Em janeiro de 2024, Gilmar despachou favoravelmente ao dirigente após a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Advocacia-Geral da União (AGU) emitirem pareceres também a favor da suspensão do afastamento de Ednaldo. Gilmar Mendes indicou erros na decisão do tribunal do Rio. O processo não chegou ao fim porque o ministro Flávio Dino pediu vista. Em fevereiro de 2025, o STF homologou um acordo entre CBF, cinco dirigentes da entidade – incluindo o ex-vice-presidente da entidade Gustavo Feijó – e a Federação Mineira de Futebol (FMF). As partes reconheceram a legalidade da assembleia que elegeu Ednaldo em 2022.

Gilmar é dono da faculdade Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). A instituição firmou parceira com a CBF de Ednaldo, em agosto de 2023, no projeto CBF Academy. Pelo contrato, a CBF fica com 16% da receita dos cursos e o IDP, 84%. O PCdoB apresentou a ação em dezembro de 2023. A decisão de Gilmar Mendes é de janeiro de 2024.

Foi esse caso que acabou retirando Ednaldo do cargo. Internamente, nem o ex-presidente nem os seus aliados creem numa reversão do cenário que levou Xaud ao comando da CBF.

A “bancada da bola” construída por Ednaldo no Congresso Nacional desmoronou rapidamente após decisão do Tribunal de Justiça do Rio de retirá-lo da CBF.

“Olha, eu acho que esse Ednaldo não tinha nível para comandar a CBF, não. Sinceramente, já vai tarde”, disse o senador Ciro Nogueira (PP-PI), apontado como um dos principais aliados dos interesses da entidade ao longo de gerações.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *