30 de junho de 2025
Politica

‘Brasil vive o que vocês já viveram’, diz procurador a grupo italiano antimáfia

Durante uma reunião com autoridades italianas de combate à máfia, ocorrida na tarde desta quarta, 28, na sede do Ministério Público de São Paulo, Centro da capital paulista, o procurador-geral de Justiça Paulo Sérgio de Oliveira e Costa detalhou como a Promotoria está investindo no cerco a facções do crime organizado, especialmente o PCC.

Laços do PCC com organizações do crime em outros países são uma grande preocupação de governantes europeus
Laços do PCC com organizações do crime em outros países são uma grande preocupação de governantes europeus

“O Brasil vive hoje o que vocês já viveram”, disse Paulo Sérgio em alusão às ações violentas do PCC e aos métodos adotados pela facção nos mesmos moldes de grupos mafiosos que, ao longo das décadas, se instalaram na Itália para exploração de jogos, sequestros e assassinatos por encomenda.

O objetivo principal do encontro é o aprofundamento da cooperação entre os investigadores dos dois países. Três das maiores autoridades italianas no combate às máfias que atuam na 7ª economia mais poderosa do mundo participaram da audiência com o chefe do Ministério Público de São Paulo – Francesco Del Bene (procurador-adjunto da Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo), Giovanni Bombardieri (procurador da Direção Distrital Antimáfia de Turim) e Tommaso Pastore (chefe do Centro de Operações da Direção de Investigação Antimáfia de Turim).

Eles disseram a Paulo Sérgio que a Itália coloca à disposição dos investigadores brasileiros o Sistema de Investigação Antimáfia.

Os laços do PCC com organizações do crime em outros países são uma grande preocupação de governantes europeus.

Nos últimos anos, investigações conduzidas por numeroso grupo de promotores ligados ao Gaeco, braço do Ministério Público paulista que faz o enfrentamento ao crime organizado, já levaram à prisão importantes lideranças e ao confisco de fortunas amealhadas pela facção por meio de táticas semelhantes às máfias italianas.

Mas o poderio da facção é um grande desafio. Frequentemente, o PCC faz remessas de toneladas de cocaína para a Europa, via o Porto de Santos, com destino à Antuérpia, na Bélgica, e à Espanha.

Na audiência com os italianos, Paulo Sérgio se fez acompanhar de um elenco de promotores dedicados ao combate às facções, entre eles Lincoln Gakiya e Fábio Bechara.

Gakiya destacou que diversas organizações criminosas instaladas por quase todo o país, como o PCC, apresentam traços característicos da máfia, como o domínio territorial, infiltração nos Poderes do Estado, corrupção de agentes públicos e influência na economia formal para possibilitar a lavagem de capitais e também nas eleições.

O procurador-geral avalia que a troca de experiências entre os membros do Ministério Público, notadamente os do Gaeco, e os integrantes do Sistema de Investigação Antimáfia da Itália ‘representa um avanço no enfrentamento a esses grupos de alcance transnacional’.

Giovanni Bombardieri, procurador da Direção Distrital Antimáfia de Turim, já chefiou o Ministério Público italiano na Calábria, Ele anotou que, por meio da Operação Eureka, deflagrada naquela região, foram identificadas ligações entre a máfia Ndrangheta e o PCC.

Os procuradores conversaram, também, sobre ações e a expansão da Cosa Nostra e da Camorra, ambas com redutos na Itália.

 

 

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