Ausência de Trump na COP-30 dará protagonismo a governadores americanos, diz Casagrande
Presidente do Consórcio Brasil Verde, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), avalia que a ausência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na 30ª Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), neste ano em Belém (PA), vai dar mais visibilidade a um grupo de governadores americanos envolvidos com o tema. Capitaneados pelo ator Arnold Schwarzenegger, eles formam a Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas.
“Os governadores norte-americanos terão um papel mais destacado no tema de meio ambiente, como já têm nos Estados Unidos. O governo Trump pode se ausentar da COP ou ir para observar, mas não estará com o protagonismo dos governadores”, aposta o capixaba, em entrevista à Coluna do Estadão.
Por aqui, Casagrande está diretamente envolvido no engajamento dos governadores brasileiros e defende que todos os estados brasileiros apresentem seus planos de descarbonização na COP. Ele afirma que o Espírito Santo é o único do País a ter um fundo específico para combater mudanças climáticas e sugere que a medida seja copiada nas gestões estaduais e pelo governo federal.
Para Casagrande, essa seria, por exemplo, uma saída para acabar com o impasse em torno da exploração de petróleo na Margem Equatorial. “A exploração na Margem Equatorial é inevitável, não tem como não ir para frente. Por que não aprovam a legislação para que parte da verba gerada seja usada na proteção da Floresta Amazônica?”, indaga Casagrande.
Confira abaixo os principais temas abordados na entrevista.

Protagonismo dos governadores norte-americanos
O presidente do Consórcio Brasil Verde ressalta que tem conversado com os demais governadores brasileiros e também de outros países para apresentar propostas ambientais na COP. Em fevereiro, Casagrande firmou um acordo com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, para reforçar o enfrentamento às mudanças climáticas.
“Os governadores norte-americanos terão um papel mais destacado no tema de meio ambiente, como já têm nos Estados Unidos. O governo Trump pode se ausentar da COP ou ir para observar, mas não estará com o protagonismo dos governadores”.
O consórcio Brasil Verde
Casagrande explica que o Consórcio Brasil Verde é formado por 21 entes federados e detalha que cada bioma tem um governador na coordenação.
- Amazônia – Gladson Cameli (Acre)
- Caatinga – João Azevedo (Paraíba)
- Mata Atlântica – Ratinho Júnior (Paraná)
- Pampa – Eduardo Leite (Rio Grande do Sul)
- Pantanal – Eduardo Ridel (Mato Grosso do Sul)
- Serrado – Ronaldo Caiado (Goiás)
No início deste ano, o Consórcio e o Governo da Califórnia firmaram um Memorando de Entendimento para fortalecer a cooperação no enfrentamento dos desafios da mudança climática, biodiversidade e poluição. O documento foca no desenvolvimento de projetos de resiliência e adaptação climática.
Ações contra mudanças climáticas nos estados brasileiros
O governador do Espírito Santo afirma que o estado é o único do País a ter um fundo específico para combater mudanças climáticas. Esses recursos, que desde 2019 somam R$ 2 bilhões, vêm da exploração de petróleo na região.
“Estamos incentivando que todos os estados tenham seu plano de descarbonização. Quando o estado tem um programa nesse sentido, isso obriga o governante a acompanhar os resultados dessa área. Com nosso fundo, capitalizado com dinheiro do petróleo, financiamos os municípios do estado para fazer obras de adaptação às mudanças climáticas”.
Além de facilitar o investimento na pauta ambiental, afirmou Casagrande, a criação de um fundo estadual com esse objetivo facilita o recebimento de financiamento de organismos internacionais.
Exploração na Margem Equatorial inevitável
Para o governador, a exploração de petróleo na Margem Equatorial, tema de grande disputa no governo Lula, é “inevitável”. A saída para o impasse, na avaliação de Casagrande, é repetir a experiência capixaba: usar o dinheiro do petróleo para bancar a transição energética.
“A exploração na Margem Equatorial é inevitável, não tem como não ir para frente. Eu defendo a pessoas do governo federal que façam o que eu faço no Espírito Santo. Eu uso o dinheiro da riqueza fóssil para potencializar a transição energética. Por que não aprovam a legislação para que parte da verba gerada seja usada na proteção da Floresta Amazônica?”, disse Casagrande.
“Você usa a força do adversário, um combustível fóssil, para atacá-lo. Você usa o adversário para ganhar energia e derrotá-lo”, completou, prevendo um grande potencial de arrecadação aos estados da região amazônica.