29 de junho de 2025
Politica

Ausência de Trump na COP-30 dará protagonismo a governadores americanos, diz Casagrande

Presidente do Consórcio Brasil Verde, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), avalia que a ausência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na 30ª Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), neste ano em Belém (PA), vai dar mais visibilidade a um grupo de governadores americanos envolvidos com o tema. Capitaneados pelo ator Arnold Schwarzenegger, eles formam a Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas.

“Os governadores norte-americanos terão um papel mais destacado no tema de meio ambiente, como já têm nos Estados Unidos. O governo Trump pode se ausentar da COP ou ir para observar, mas não estará com o protagonismo dos governadores”, aposta o capixaba, em entrevista à Coluna do Estadão.

Por aqui, Casagrande está diretamente envolvido no engajamento dos governadores brasileiros e defende que todos os estados brasileiros apresentem seus planos de descarbonização na COP. Ele afirma que o Espírito Santo é o único do País a ter um fundo específico para combater mudanças climáticas e sugere que a medida seja copiada nas gestões estaduais e pelo governo federal.

Para Casagrande, essa seria, por exemplo, uma saída para acabar com o impasse em torno da exploração de petróleo na Margem Equatorial. “A exploração na Margem Equatorial é inevitável, não tem como não ir para frente. Por que não aprovam a legislação para que parte da verba gerada seja usada na proteção da Floresta Amazônica?”, indaga Casagrande.

Confira abaixo os principais temas abordados na entrevista.

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo

Protagonismo dos governadores norte-americanos

O presidente do Consórcio Brasil Verde ressalta que tem conversado com os demais governadores brasileiros e também de outros países para apresentar propostas ambientais na COP. Em fevereiro, Casagrande firmou um acordo com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, para reforçar o enfrentamento às mudanças climáticas.

“Os governadores norte-americanos terão um papel mais destacado no tema de meio ambiente, como já têm nos Estados Unidos. O governo Trump pode se ausentar da COP ou ir para observar, mas não estará com o protagonismo dos governadores”.

O consórcio Brasil Verde

Casagrande explica que o Consórcio Brasil Verde é formado por 21 entes federados e detalha que cada bioma tem um governador na coordenação.

  • Amazônia – Gladson Cameli (Acre)
  • Caatinga – João Azevedo (Paraíba)
  • Mata Atlântica – Ratinho Júnior (Paraná)
  • Pampa – Eduardo Leite (Rio Grande do Sul)
  • Pantanal – Eduardo Ridel (Mato Grosso do Sul)
  • Serrado – Ronaldo Caiado (Goiás)

No início deste ano, o Consórcio e o Governo da Califórnia firmaram um Memorando de Entendimento para fortalecer a cooperação no enfrentamento dos desafios da mudança climática, biodiversidade e poluição. O documento foca no desenvolvimento de projetos de resiliência e adaptação climática.

Ações contra mudanças climáticas nos estados brasileiros

O governador do Espírito Santo afirma que o estado é o único do País a ter um fundo específico para combater mudanças climáticas. Esses recursos, que desde 2019 somam R$ 2 bilhões, vêm da exploração de petróleo na região.

“Estamos incentivando que todos os estados tenham seu plano de descarbonização. Quando o estado tem um programa nesse sentido, isso obriga o governante a acompanhar os resultados dessa área. Com nosso fundo, capitalizado com dinheiro do petróleo, financiamos os municípios do estado para fazer obras de adaptação às mudanças climáticas”.

Além de facilitar o investimento na pauta ambiental, afirmou Casagrande, a criação de um fundo estadual com esse objetivo facilita o recebimento de financiamento de organismos internacionais.

Exploração na Margem Equatorial inevitável

Para o governador, a exploração de petróleo na Margem Equatorial, tema de grande disputa no governo Lula, é “inevitável”. A saída para o impasse, na avaliação de Casagrande, é repetir a experiência capixaba: usar o dinheiro do petróleo para bancar a transição energética.

“A exploração na Margem Equatorial é inevitável, não tem como não ir para frente. Eu defendo a pessoas do governo federal que façam o que eu faço no Espírito Santo. Eu uso o dinheiro da riqueza fóssil para potencializar a transição energética. Por que não aprovam a legislação para que parte da verba gerada seja usada na proteção da Floresta Amazônica?”, disse Casagrande.

“Você usa a força do adversário, um combustível fóssil, para atacá-lo. Você usa o adversário para ganhar energia e derrotá-lo”, completou, prevendo um grande potencial de arrecadação aos estados da região amazônica.

 

 

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