30 de setembro de 2025
Politica

Caso IOF é confissão de incompetência do governo Lula e do ministro Haddad

Durma – ou acorde – com este barulho: “máquina pública ficaria em situação delicada sem alta do IOF”. É o que nos comunica, em tom de ameaça, o governo. Ao que o líder no Congresso somaria a chantagem: “O governo externou que a revogação do decreto tem uma consequência clara. A consequência é o shutdown. A paralisação da máquina pública”.

Paralisação também das emendas parlamentares, né? Derrubar a alta do IOF imporia engrossar o volume do congelamento orçamentário. Represar ainda mais as emendas. Chantageado o Congresso chantagista.

Sem a alta do IOF, imposto regulatório pervertido para fabricar arrecadação, a consequência seria o “shutdown”. Fala-se algo grave assim como se estivéssemos nesta vala por obra do espírito santo. O secretário do Tesouro foi explícito: a receita via IOF “é imprescindível”. Não há plano B. As finanças públicas foram geridas para que o funcionamento do estado de repente dependesse do aumento do IOF. É confissão de incompetência. O governo Lula não começou ontem.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao lado de Hugo Motta, presidente da Câmara
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao lado de Hugo Motta, presidente da Câmara

Chegou-se a esse lugar – acionado o botão do desespero, decretado o vale-tudo – a partir de escolha transparente desde a PEC da Transição. Faz tempo postas as razões – a constituição natimorta do arcabouço fiscal, por exemplo – para não se embarcar no compromisso desses haddads com a responsabilidade fiscal.

O Congresso é sócio na escavação do buraco, à parte o discurso oportunista do presidente da Câmara – o Hugo fiscalista! – pelo corte de gastos. No mundo real, governo e Parlamento conceberam Orçamento safado, que subestima despesas e superestima receitas – e em cujas margens parafiscais pendurou-se até o Pé-de-Meia.

O dinheiro acabou. (O fim do mundo, que Simone Tebet anunciara para 2027, foi antecipado por Haddad.) E até para bater a meta fiscal de fantasia, já adulterada, está difícil. Só que nós ainda teremos de financiar a tentativa de reeleição de Lula. Não apenas de Lula. Do Congresso. Donde o IOF no lombo do setor produtivo. O resto é hipocrisia. Ou estará o Parlamento disposto a cortar, para valer, emendas e isenções? E o governo, aceitará desamarrar as vinculações?

O governo Lula não “parece estar atrás de manobras que soam como gambiarras para aumentar a arrecadação”. Está. E não “soam como gambiarras”. São. Manobras autoritárias. As aspas são de Motta. A questão sendo o que o Congresso fará – para além do palavrório – diante desse fato.

Motta, que terá dado mais entrevistas que Barroso nesta semana, soltou ultimato – com prazo de dez dias. Prazo para que a Fazenda apresente propostas alternativas – com efeitos em 2025 – ao aumento do IOF. Esse, o combinado do Parlamento. Prazo ao fim do qual a Fazenda – este, o trato do governo – apresentará propostas; para 2026. Prazo e bateção de cabeças que talvez nem sejam testados – porque junho já é amanhã, o São João vem aí, e depois de amanhã terá eleição.

 

 

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