Fim da reeleição: o Brasil que escolhe legado, não continuidade
A reeleição no Brasil foi um experimento que falhou. Criada sob o pretexto de premiar bons governos com continuidade, transformou-se numa porta giratória de poder, vaidade e aparelhamento. Em vez de meritocracia, cultivou-se o uso abusivo da máquina pública. Em vez de grandes reformas, pequenas manobras eleitorais. É hora de fechar essa porta.
Com a aprovação da PEC 12/2022 pela CCJ do Senado, abre-se a chance de virarmos essa página. Cinco anos de mandato, sem reeleição. Uma única chance para fazer o certo. E então, sair de cena. Como deve ser. Porque poder não é herança, é responsabilidade temporária.
Democracia não é sobre eternizar nomes no cargo — é sobre renovar ideias no poder. A alternância é o antídoto contra o vício do autoritarismo disfarçado de popularidade. E a reeleição, no Brasil, tem sido o adubo da estagnação. Governos com foco no próximo pleito, não na próxima geração.
Unificar as eleições e dar a todos os eleitos o mesmo tempo de mandato é um gesto de racionalidade institucional. Diminui o custo das urnas, aumenta a coerência do ciclo político e impõe um novo pacto com o eleitor: fazer mais em menos tempo. Sem desculpas. Sem prorrogações.
Alguns dirão que se perde a chance de manter no poder bons governantes. Mas o verdadeiro estadista não precisa de 8 anos — precisa de coragem. Não se mede um líder pelo tempo que ocupa o cargo, mas a transformação que ele deixa quando sai.
O Brasil não precisa de reeleição. Precisa de compromisso. De visão de futuro. De governantes que saibam que não terão tempo para vaidades, apenas para resultados. Porque o país não aguenta mais quatro anos de campanha para quatro de inércia.
É hora de parar de administrar pensando em votos e começar a governar pensando em gerações. Que o Senado aprove esta proposta com o senso de urgência de quem compreende que o tempo do Brasil já passou da hora.
Chega de continuísmo. Chega de planos que começam com olhos nas urnas e terminam com promessas vazias. Vamos escolher o legado. Vamos escolher o Brasil. Porque, no fim das contas, o que permanece não é o cargo, é o impacto. E o Brasil clama por impacto real, duradouro e digno da história que ainda queremos escrever.