15 de agosto de 2025
Politica

Quais são os dois generais que, na esperança do Exército, podem ser absolvidos?

Ao não tornar réus o general Nilton Diniz Rodrigues e o coronel Cleverson Ney Magalhães, a primeira turma do Supremo abriu uma porta – ou lançou uma esperança – para que outros militares sejam absolvidos ao longo do julgamento pela tentativa de golpe de Estado. Os dois mais citados por chefes e colegas no Exército são os generais da reserva Augusto Heleno e Estevam Theóphilo Gaspar de Oliveira.

Há uma percepção de que o relator do golpe no STF, Alexandre de Moraes, teve dúvidas sobre as acusações contra o general Nilton e o coronel Cleverson, que são “kid pretos”, mas foram citados apenas superficialmente numa reunião do grupo, e, antes de votar por torná-los réus ou absolvê-los, teve o cuidado de se informar com a cúpula do Exército, inclusive com o comandante Tomás Paiva, com quem tem boas relações. Não é impossível que a consulta se repita durante o julgamento.

Ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal da tentativa de golpe de Estado no STF
Ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal da tentativa de golpe de Estado no STF

Militares de alta patente na ativa e na reserva preveem condenações duras, por exemplo, para oficiais generais como Mário Fernandes e Walter Braga Netto (preso preventivamente desde dezembro de 2024), do Exército, e Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, que teria colocado a Força à disposição do golpe. Porém, seja por convicção, seja por puro companheirismo, argumentam que Heleno é “apenas um falastrão metido valente” e que Theóphilo “não atuou em nada para o golpe, entrou de gaiato”.

Não é tão simples. Ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), o general Theóphilo foi acusado pela PF e denunciado pela PGR por integrar o núcleo de suporte e execução de ações como o sequestro de Alexandre de Moraes. Em mensagens apreendidas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, peça chave no inquérito, ele relata que Theophilo teria colocado tropas à disposição do golpe numa reunião, em 9 de dezembro de 2022, com o então presidente Jair Bolsonaro, já derrotado na reeleição. O Coter não tem tropas próprias, mas aciona tropas para operações especiais.

Já Augusto Heleno, tríplice coroado no Exército (primeiro de turma nos principais cursos de acesso do oficialato) é não apenas respeitado como muito querido no Exército. Ele completa 78 anos em outubro, é do tipo falastrão, engraçado, que diz tudo que vem à cabeça, e, para os colegas, não era levado a sério por Bolsonaro, nem participava das reuniões havia tempo. Porém, há provas contra ele do início ao fim da era Bolsonaro.

Esquecendo tudo o que ele e os militares diziam contra Bolsonaro a vida toda, Heleno foi o primeiro oficial de peso a endossar e a atrair o Exército para a candidatura dele em 2018. Já no governo, foi chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com sala no Planalto, e surge no vídeo de uma reunião com Bolsonaro, em junho de 2022, dizendo que, se tiver de dar “soco na mesa” e “virar a mesa”, tem de ser antes das eleições. E conclama: “Nós vamos ter de agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”.

Já no fim, produziu provas contra ele próprio, ao guardar em casa uma caderneta manuscrita, com sua letra, detalhando o organograma e a cronologia do golpe, no qual seria o interventor militar. É difícil escapar dessa, assim como Braga Netto, que está na alma da trama, e Mário Fernandes, que também era do Planalto e é acusado de integrar o grupo que planejou e executaria o Plano Punhal Verde e Amarelo, para o assassinato de Moraes, Lula e Alckmin. “Quatro linhas da Constituição é o caceta”, pregou Fernandes em mensagem gravada. E, como o Brasil e essas quatro linhas sobreviveram à ameaça, ele e os golpistas estão diante das grades.

 

 

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