O que dizem aliados e opositores sobre cortes propostos por Tarcísio para 2026
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), prevê cortes de gastos para o orçamento estadual do ano que vem, encaminhado no início de maio para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) elaborado pelo Palácio dos Bandeirantes prevê cortes de despesas de R$ 1 bilhão (0,3% do orçamento paulista) na comparação com o gasto projetado até o final deste ano. O valor é relativo ao corte real das despesas, ou seja, já descontada a inflação acumulada no período e sem contabilizar gastos com a previdência do Estado.

Enquanto os aliados do governador atribuem o corte à desaceleração da economia e ao aumento da taxa de juros, a oposição a Tarcísio afirma que o LDO tem um propósito eleitoral.
Governo estadual prevê queda nas receitas
O governo paulista atribui o corte de gastos à política econômica da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em conversas com aliados, Tarcísio analisa que o aumento da taxa de juros desestimulará a atividade econômica, prejudicando o crescimento das receitas.
O argumento é reiterado pelo deputado estadual Gilmaci Santos (Republicanos), líder do governo na Alesp. “A economia do Brasil está desacelerando de uma maneira terrível”, afirmou o parlamentar.
Procurado, o governo federal não se manifestou sobre as críticas de Tarcísio. Ao Estadão, aliados de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, disseram que o titular da pasta discordou da avaliação do governador paulista.
A oposição ao governo paulista diz que a proposta de corte de gastos busca compensar o aumento dos investimentos em 2025. Na avaliação dos opositores, as obras foram aceleradas em 2025 com o propósito de favorecer o governador no ano eleitoral de 2026. Além disso, os opositores consideram que o corte no orçamento pretende obter um superávit, buscando agradar o mercado financeiro.
O deputado estadual Paulo Fiorilo (PT) disse que a mudança de rota no LDO evidencia um “trampolim político” do governador. “Essa crítica ao governo federal é não apenas desleal, mas reveladora. Tarcísio tenta transformar o Palácio dos Bandeirantes em trampolim político para 2026, mesmo que isso implique apagar as contribuições do governo Lula para os avanços de São Paulo”, disse o petista.
Expansão de benefícios fiscais
Além do corte de gastos, a oposição critica o projeto de LDO pela expansão dos benefícios fiscais. O governo paulista pretende deixar de arrecadar R$ 78,7 bilhões em 2026, um aumento de 19% em relação às desonerações previstas em 2025.
Segundo um relatório do PT sobre o projeto de LDO, o aumento das renúncias fiscais vai de encontro à proposta de corte de gastos. Além disso, há críticas à concentração das renúncias em apenas dos setores da economia: somados, os ramos de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas e de indústria de transformação representam 88% das desonerações previstas para a LDO.
O deputado Tomé Abduch (Republicanos), por outro lado, avalia que as críticas de opositores são motivadas por “militância política”. Para o parlamentar, o governo expandirá os benefícios pois, sem as renúncias, o Estado de São Paulo perderia competitividade diante de outras unidades da federação. Além disso, segundo Abduch, houve uma avaliação “responsável e criteriosa” de todas as desonerações concedidas.
“Não adianta acabar com um regime especial e ver a indústria sair de São Paulo para pagar imposto em outro Estado”, disse o deputado estadual.
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