PGR avalia medidas após Carla Zambelli deixar o Brasil
A Procuradoria-Geral da República (PGR) começou a analisar na manhã desta terça-feira, 3, eventuais medidas em relação à saída do Brasil da deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mais cedo, Zambelli disse ter deixado o País há alguns dias e que passará a morar na Europa, licenciada do mandato parlamentar.
Os integrantes da PGR avaliam se, com a mudança ao exterior, a deputada condenada tentou fugir da execução da pena imposta pela Justiça. Se esse cenário se confirmar, a Procuradoria pode pedir providências ao STF, sendo a mais extrema a prisão da deputada. Não há previsão para essa análise técnica terminar.

No mês passado, o STF condenou Zambelli a dez anos de prisão por invasão a sistemas internos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Também foi decretada a perda do mandato, que precisa ser confirmada pela Câmara.
Em outro processo, a Corte já tem maioria para condená-la por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo. O julgamento foi suspenso em março a pedido do ministro Kassio Nunes Marques.
‘Caminho nos EUA já está asfaltado’
Ao justificar a escolha por morar na Europa, Zambelli citou o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Figueiredo, ex-apresentador da Jovem Pan, que se mudaram para os Estados Unidos.
“O caminho nos Estados Unidos já está asfaltado (pelo Eduardo Bolsonaro e pelo Paulo Figueiredo). É justamente por isso que estou escolhendo a Europa. Lá a gente precisa de alguém que fale espanhol, português, inglês. Eu vou desenvolver meu italiano. Quero estar nos principais lugares, falar com o povo francês. Em cada lugar temos pessoas que podem lutar por nós”, disse na manhã desta terça-feira, 3.
Eduardo é alvo de um inquérito desde o último dia 26 por suposta atuação contra autoridades brasileiras a partir dos EUA. A PGR afirmou ao STF que a conduta do parlamentar pode ser enquadrada em três crimes: coação no curso do processo, embaraço à investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Ao se licenciar do mandato de deputado federal em fevereiro, Eduardo Bolsonaro disse que passou a morar nos EUA para “focar em buscar as justas punições que Alexandre Moraes e a sua Gestapo (polícia nazista) da Polícia Federal merecem”.
Figueiredo foi denunciado no inquérito do golpe e segue sem apresentar defesa ao STF. Como mostrou a Coluna do Estadão, o neto do general João Baptista Figueiredo, último presidente da ditadura militar, deve ser julgado à revelia no Supremo.