Vídeo mostra comandante da FAB relatando ameaça de prisão a Bolsonaro por plano golpista; veja
O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior relatou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), detalhes da reunião realizada no Palácio da Alvorada, em 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro (PL) discutiu uma minuta com teor golpista. Segundo ele, o comandante do Exército à época, general Marco Antonio Freire Gomes, presente no encontro, reagiu com “tranquilidade”, mas ameaçou prender Bolsonaro caso o plano fosse levado adiante.
O vídeo com o depoimento de Baptista Junior, assim como os de outras testemunhas do “núcleo central” do golpe, foi tornado público nesta terça-feira, 22, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal.
“General Freire Gomes é uma pessoa polida, educada. Logicamente, ele não falou essa frase com agressividade com o presidente da República, ele não faria isso, mas é isso que ele falou. Ele falou com muita tranquilidade, com muita calma, mas colocou exatamente isso. ‘Se o senhor tiver que fazer isso, eu vou ter trabalho e lhe prender’”, disse.

Baptista Junior também relatou como reagiu ao receber a minuta golpista durante uma reunião em 14 de dezembro de 2022, entregue pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
“Falei: ‘Esse documento prevê a não-assunção no dia 1º de janeiro do presidente eleito?’ Ele falou que sim. E aí eu falei: ‘Não admito sequer receber esse documento, não ficarei aqui.’ Levantei, saí da sala e fui embora”, contou.
O ex-comandante da Aeronáutica também confirmou que, em mais de uma ocasião, afirmou a Jair Bolsonaro não ter encontrado indícios de fraude no processo eleitoral de 2022.
“Comentei após o segundo turno, na reunião que nós tivemos no dia 1º de novembro, uma terça-feira. Depois comentei nas várias reuniões, cinco ou seis reuniões”, detalhou.
Baptista Junior contou ainda ter avisado o chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro, general Augusto Heleno, que a FAB não participaria de uma tentativa de golpe. Eles se encontraram durante uma formatura do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA).
Na ocasião, Heleno acompanhava a formatura de seu neto, quando foi convocado para uma reunião emergencial com o ex-presidente e pediu a Baptista Junior uma carona para Brasília em um avião da Força.
Os dois teriam se dirigido a uma sala, onde o comandante da Aeronáutica alertou Heleno que não admitiria tentativa de golpe. “Eu falei: ‘General, nós nunca conversamos sobre esse assunto. Não é normal o senhor sair no meio da formatura para uma reunião de emergência. No clima que o Brasil está, preciso falar algo para o senhor. Eu e as Forças Aéreas não vamos apoiar ruptura institucional’”, afirmou Baptista Junior no depoimento ao STF.