Governo está no limite e não pode mais errar: a reação de aliados de Lula à desaprovação recorde
A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, 4, que mostrou desaprovação recorde do governo, reforçou a preocupação de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os rumos da gestão. O resultado não é exatamente uma surpresa, porque sondagens internas do Palácio do Planalto já mostravam que o escândalo do INSS havia estancado a recuperação na popularidade, mas uma ala petista ouvida pela Coluna do Estadão avalia que o governo está no limite e não pode mais errar se quiser chegar forte no ano eleitoral.
O governo coleciona uma série de tropeços desde o começo do ano que se tornaram uma espiral negativa em meio a um presidente mais impopular a cada pesquisa de avaliação. O caso mais recente foi a repercussão negativa da alta no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Antes, o escândalo do INSS e a polêmica sobre a fiscalização do Pix. Episódios como esses não podem voltar a ocorrer, segundo governistas.
No PT, há duas visões distintas sobre o cenário político. Parte do partido está apreensivo com a sucessão de crises com as quais o governo tem de lidar desde o início deste ano, que deveria ter sido de “colheita”, segundo definiu o próprio Lula. É preciso “errar menos, porque governo tem resultado”, afirmou um integrante da sigla. Outra ala da legenda está mais otimista: acredita que o presidente tem grande chance de reeleição pelo fato de o principal adversário, o ex-presidente Jair Bolsonaro, estar inelegível, e a direita, pelo menos por enquanto, estar dividida em várias possíveis candidaturas.
O levantamento da Quaest mostrou que houve uma melhora na percepção da população sobre a economia, mas esse efeito foi anulado pela visão negativa dos brasileiros sobre os descontos indevidos em aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS. “O eleitor está mais difícil de ser convencido, e o governo ainda não conseguiu atender às expectativas produzidas durante a eleição”, analisou o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest.
O que ainda pode mudar a trajetória da popularidade
Como mostrou a Coluna, aliados de Lula descartaram na segunda-feira, 2, uma melhora da popularidade do chefe do Planalto por causa da redução do preço da gasolina, anunciada pela Petrobras. Petistas disseram que o impacto da queda no valor do combustível para o consumidor final é pequeno e vai se diluir. Ou seja, a população não deve sentir o efeito a ponto de mudar o humor em relação ao governo.
As principais apostas de governistas para reverter a queda na aprovação de Lula são, em primeiro lugar, o ressarcimento de aposentados e pensionistas vítimas dos descontos indevidos, e depois o pacote de “bondades” que inclui gratuidade e descontos na conta luz, distribuição de botijões de gás, crédito a motociclistas e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil.
