15 de agosto de 2025
Politica

Deputada repudia ameaças de morte a parlamentares, mas em grupo privado chama reação de ‘vitimismo’

A deputada estadual Carla Morando (PSDB) adotou discursos opostos ao comentar os e-mails com ameaças de morte, estupro, injúrias raciais e conteúdo capacitista enviados a parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Em nota à imprensa, manifestou solidariedade às colegas e repudiou qualquer tentativa de intimidação contra mulheres. Já em um grupo interno da federação PSDB-Cidadania, minimizou o episódio, que chamou de “movimento esquerdista pra se vitimizar”. Os prints das mensagens foram obtidos pelo Estadão e tiveram a autenticidade confirmada pela própria deputada.

Procurada pelo Estadão, Carla Morando afirmou que as mensagens foram divulgadas com “objetivo claramente político”. Ela justificou que o comentário sobre “movimento esquerdista pra se vitimizar” foi feito por volta das 11h30, em um grupo do partido, após repercussão de uma nota conjunta das deputadas afirmando que todas as parlamentares da Assembleia haviam recebido as ameaças. Segundo a deputada, a intenção era apenas informar que ela não havia recebido o e-mail e questionar se outras parlamentares tinham recebido.

Deputada estadual Carla Morando
Deputada estadual Carla Morando

Nas mensagens enviadas ao grupo da federação PSDB-Cidadania, a deputada afirmou que não havia nada em sua caixa postal e questionou as ameaças: “Estou achando que isso pode ser algo da esquerda. Pois nas entrevistas só tem povo da esquerda dando entrevista”.

Embora a deputada do PSDB diga que não recebeu o e-mail, o mesmo contém ameaças de estupro e morte contra todas as deputadas da Assembleia, segundo o Estadão constatou. Apesar de citar algumas parlamentares nominalmente, o texto deixa claro que o alvo é toda a bancada feminina, sem exceção.

No comunicado à imprensa, divulgado por volta das 17h40, Carla Morando ignorou as ameaças explícitas do e-mail contra todas as parlamentares mulheres, disse que não foi vítima de ameaças, mas reforçou a solidariedade às colegas — em tom que contrasta com suas mensagens privadas. Disse que não se pode tolerar esse tipo de crime e que é inadmissível “que, em pleno século XXI, mulheres eleitas democraticamente ainda sejam alvo de ameaças covardes por exercerem seus mandatos”.

Uma pessoa próxima a Morando disse que ela não teve acesso ao e-mail. O texto com as ameaças, no entanto, foi lido no colégio de líderes. Por recomendação da polícia, o conteúdo integral da mensagem não foi divulgado.

O presidente da Assembleia, André do Prado, se reuniu com as deputadas da Casa nesta terça-feira, 3, e reafirmou o compromisso da Alesp com a segurança de todos que atuam direta e indiretamente no Parlamento Paulista. Segundo o Legislativo paulista, as polícias Militar e Civil foram acionadas para apurar de forma rápida e contundente as recentes questões evolvendo ameaças contra as parlamentares da Casa.

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