Lula, Congresso e Judiciário ignoram suas responsabilidades, enquanto a oposição foge da polícia
O Brasil vive um momento especialmente delicado, com o cidadão tendo poucas perspectivas de que de fato há alguém disposto a representá-lo nas tarefas de um governante. De um lado, vê o governo federal, o Congresso e o Judiciário darem de ombros para um problema fiscal que se agrava e, de outro, os principais líderes da oposição imbuídos em uma campanha que só interessa a eles próprios: a anistia a golpistas e a fuga das obrigações de cumprirem penas estabelecidas em nosso sistema jurídico.
De quem mais deveria se esperar, pela importância do cargo, se vê pouca coisa. No comando de um governo fraco, Lula e seus aliados têm um diagnóstico claro do problema: se nada for feito, haverá um colapso das contas públicas, no máximo, em 2027. Contudo, com a popularidade em baixa, como mostrado nesta quarta-feira, 4, pela pesquisa Genial/Quaest, o governo não quer colocar o dedo de fato na ferida.
As medidas para arrumar a casa são impopulares. Especialistas avisam que, sem uma reforma administrativa, a desindexação das aposentadorias do ganho real do mínimo e sem uma boa dose de arrocho, só há paliativos. Como artifícios contábeis ou um esforço permanente para aumentar a arrecadação às custas de uma sociedade já sacrificada. O governo prefere tentar ganhar a eleição de 2026, mesmo às custas de um risco enorme para o País.

Do Congresso, o governo poderá ouvir críticas, mas nunca um auxílio realmente efetivo para solucionar o problema. Por uma razão simples: parte do drama fiscal é causado justamente pela boca insaciável do Parlamento, que eleva os valores das emendas a cada ano. Se as emendas não tivessem crescido como nos últimos anos atingindo a casa dos R$ 61 bilhões no orçamento de 2025, haveria margem de corte de gastos antes da necessidade das esperadas medidas estruturantes. Mas o Congresso sempre quer mais. Em emendas, mas também aumentando o fundo eleitoral a cada eleição e até o número de parlamentares, como aprovado pela Câmara.
Do Judiciário vem uma contribuição menor a essa mazela em termos de valores, até pelo tamanho do Poder, mas, simbolicamente, uma demonstração de como se pode abusar do recurso público sem constrangimento. Penduricalhos criados a cada momento, inclusive retroativos. A ponto de juízes aposentados acionarem a própria Justiça para exigir valores por acumulo de função. Vejam bem: aposentados com acumulo de trabalho…
O drama de estar mal representado, ao menos no governo e no Congresso, pode ser minimizado na janela aberta pelas eleições de 2026. Mas a postura da oposição demonstra, da mesma forma, pouca atenção de fato com os interesses do País. O principal líder do grupo contra o governo é processado por um golpe de Estado que costuma defender desde a década de 90. Seus principais apoiadores fazem o diabo para salvá-lo.
Dois dos deputados mais votados da oposição em 2022 estão no exterior. Um, licenciado do cargo para tramar uma interferência dos Estados Unidos na Justiça brasileira, de modo a salvar o pai. Investigado por isso, enquanto viaja às custas de vaquinha de seus eleitores. A outra, agora foragida e ainda deputada, depois da condenação por invasão de dispositivo informático com o mesmo objetivo de desmoralizar o Judiciário brasileiro.
Enquanto isso, mesmo diante da exposta falta de apreço pela democracia por parte de Bolsonaro, governadores que poderiam ser alternativa em 2026 se abraçam a ele em eventos pela anistia. O mais viável, o governador de São Paulo, é sua testemunha no STF para dizer que nunca ouviu Bolsonaro falar de golpe. Logo Bolsonaro, que nunca escondeu nem publicamente suas intenções. O de Minas, questiona até a existência da ditadura. O de Goiás já prometeu até anistiá-lo em troca dos votos de seus eleitores. Todos amarrados por medo de apanharem do bolsonarismo que seria fundamental para elegê-los.
Restaria um centro desorganizado, sem nomes, preocupado com verbas do fundão e com a manutenção do statuos quo no Parlamento. Sem qualquer capacidade hoje de vencer a polarização e com boa dose de ajuda para engrossar um lado ou outro no Congresso, de acordo com que der mais lucro. O eleitor, coitado, sem opção, só vê o precipício chegar cada vez mais perto, com um País desgovernado e sem qualquer perspectiva de que tão cedo voltará aos trilhos.