29 de junho de 2025
Politica

Mauro Cid diz que apoiou Freire Gomes e busca se desvencilhar da trama golpista em interrogatório

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, é o primeiro réu da ação principal da trama golpista a ser interrogado no processo. É a primeira vez que o ex-assessor fica frente a frente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e antigos aliados que foram implicados por ele no plano de golpe.

Por ter fechado acordo de colaboração premiada, Mauro Cid está sendo ouvido antes dos outros réus. Na primeira parte da sessão, que durou três horas, ele respondeu às perguntas dos ministros Alexandre de Moraes (relator) e Luiz Fux, que age como um revisor informal no processo, e do procurador-geral da República Paulo Gonet.

As defesas estão preparadas para explorar as diferentes versões do ex-assessor, em uma tentativa de descredibilizar as acusações. Mauro Cid prestou ao todo cinco depoimentos à Polícia Federal, o que foge à praxe nas delações. Ele foi chamado para complementar informações que teria omitido.

O interrogatório é a grande oportunidade de autodefesa dos réus. Como delator, a situação de Mauro Cid é diferente do cenário dos demais. Enquanto os outros acusados negam a denúncia, o tenente-coronel confessou o plano golpista, mas busca se desvencilhar dos crimes.

Mauro Cid fechou delação premiada e, por isso, foi interrogado antes.
Mauro Cid fechou delação premiada e, por isso, foi interrogado antes.

A estratégia do ex-ajudante até o momento foi minimizar sua participação na trama do golpe. Mauro Cid se colocou como um mero cumpridor de ordens, um funcionário operacional que, embora tivesse acessos privilegiados em razão do cargo, não possuía influência efetiva no governo.

O tenente-coronel narrou que era procurado por radicais que buscavam insuflar Bolsonaro a romper com a ordem democrática, mas, em sua versão, ele ficou distante das tratativas.

Ao ser confrontado com mensagens em que afirma que o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, “fraquejou”, Mauro Cid disse que na verdade apoiou o general.

“Eu sempre coadunei com as ideias dele (Freire Gomes), que nada poderia ser feito e qualquer ação mais radical geraria um grande problema para o País.”

Na segunda parte do interrogatório, os advogados dos corréus poderão fazer suas perguntas a Mauro Cid.

 

 

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