‘Não tem porque me condenar, estou com a consciência tranquila’, diz Bolsonaro após ouvir Cid no STF
BRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse estar com a consciência tranquila após ouvir o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, 9. Apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o líder da organização criminosa que teria tramado uma tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro declarou que não se prepara para uma eventual condenação à prisão.
“Não tem preparação para nada (caso seja preso). Não tem porque me condenar. Estou com a consciência tranquila”, disse. “Eu estou bem. Estou tranquilo. Mas é lógico que eu não queria estar aqui”, completou o ex-presidente.
Bolsonaro falou com jornalistas no plenário da Primeira Turma durante a pausa de 15 minutos autorizada peli ministro Alexandre de Moraes.

O ex-presidente se recusou a comentar as acusações repetidas por Cid, como a de que ele teria “enxugado” a minuta golpista que decretaria Estado de sítio e prenderia Moraes. “Não vou confrontar o Cid aqui”, disse. Bolsonaro ainda frisou: “Sem problemas com ele (Mauro Cid)”.
Em sua conversa com os jornalistas, Bolsonaro ainda comentou o motivo de utilizar a medalha do pacificador durante as sessões da ação penal do golpe em curso na Primeira Turma. Segundo o presidente, a medalha é uma honraria por ter salvado um colega militar, a quem se referiu como “afrodescendente”. “Você sabem que me acusam de ser racista. Se eu fosse racista não teria salvado o Celso Negão, que é um afrodescendente”, afirmou.
O ex-presidente também comentou a situação do candidato à Presidência da Colômbia Miguel Uribe, que foi alvo de dois na cabeça durante um ato de campanha. Bolsonaro ironizou: “Já reparou que só a direita toma tiro e facada? Fala que a gente tem ódio. Eles também”.
A declaração de Bolsonaro desconsidera casos emblemáticos de atentados contra políticos de esquerda, como o ocorrido durante a campanha eleitoral de 2018 com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando a sua caravana foi alvo de dois tiros no Paraná.
Ainda na pausa da sessão, o ex-presidente cumprimentou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no seu governo, e saiu aos risos depois de usar o banheiro da Primeira Turma.