30 de junho de 2025
Entretenimento

Projeto baiano que usa plástico para recuperar corais será apresentado na Conferência dos Oceanos da ONU

A Bahia será representada na 3ª Conferência dos Oceanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece entre esta segunda-feira (9) e sexta-feira (13), em Nice, na França. O estado marcará presença no evento com o projeto Corais de Maré — uma iniciativa de restauração ambiental que une inovação, ciência e participação comunitária na Baía de Todos-os-Santos.

 

Desenvolvido pela Carbono 14 em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e o Instituto de Pesca Artesanal de Ilha de Maré (IPA), com patrocínio da Braskem, o projeto utiliza materiais como polietileno, cerâmica e aço inox para acelerar o crescimento do coral Millepora alcicornis, espécie considerada essencial para a biodiversidade marinha da região.

 

Com o uso dessas estruturas artificiais, os corais não precisam crescer por deposição de carbonato de cálcio — processo natural que pode levar anos. A técnica permitiu que colônias atingissem até 15,5 centímetros em menos de seis meses, um crescimento considerado recorde em comparação à média anual de apenas quatro centímetros.

 

“A estimativa de crescimento dos corais numa profundidade de cerca de 4,5 metros é de quatro centímetros ao ano. Contudo, com a nossa técnica de aceleração de crescimento, atingimos médias que variam de 10,8 a 7,8 centímetros em 167 dias, dependendo do material utilizado. Com o polietileno, por exemplo, uma colônia atingiu 15,5 cm em menos de seis meses”, explicou Igor Cruz, professor de Oceanografia Biológica do Instituto de Geociências da Ufba.

 

“Eles não precisam crescer por deposição de carbonato de cálcio. Crescem sobre as hastes que colocamos, o que acelera muito seu desenvolvimento, consequentemente aumentando a complexidade estrutural dos recifes no local, que é fundamental para a manutenção da biodiversidade”, acrescentou Cruz.

 

Desde o início, o Corais de Maré já transplantou 2.285 colônias na Baía de Todos-os-Santos, sendo 685 delas apenas entre 2024 e 2025. Apesar da maior onda de calor da série histórica registrada em 2024, apenas 185 das 667 colônias instaladas até maio do ano passado sofreram branqueamento, e apenas 19 não resistiram — uma taxa de mortalidade de apenas 3%. Isso representa um índice de sucesso de 97% nos berçários.

 

“Acredito no poder transformador da ciência e da inovação quando colocadas a serviço do meio ambiente — e este projeto é a prova disso. Ao utilizar uma tecnologia inédita e sustentável, aliando materiais como o plástico de forma inteligente para acelerar o crescimento de corais na Baía de Todos-os-Santos, o Corais de Maré mostra como é possível unir desenvolvimento tecnológico e preservação ambiental”, afirmou Magnólia Borges, gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia.

 

Com um modelo que combina inovação, engajamento comunitário e compromisso com a conservação marinha, o Corais de Maré chega à 3ª Conferência dos Oceanos da ONU como um exemplo inspirador de como as ações locais podem gerar impactos globais.

 

O projeto será apresentado ao embaixador dos polos e dos assuntos marítimos da França, Olivier Poivre d’Arvor, pelo CEO da Carbono 14 e idealizador da iniciativa, José Roberto Caldas, mais conhecido como Zé Pescador.

 

“Nunca imaginei ser convidado pela embaixada francesa a participar da Conferência dos Oceanos por causa do trabalho com o Corais de Maré. Fico feliz que as pessoas vejam o valor no que a gente está fazendo”, apontou Zé Pescador.

 

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