30 de junho de 2025
Politica

6 falas de Bolsonaro no interrogatório no STF que podem comprometer sua defesa; veja

RIO e SÃO PAULO – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi interrogado na tarde desta terça-feira, 10, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na ação da trama golpista. O ex-chefe do Executivo admitiu ter mostrado uma minuta ao então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, mas negou ter tentado golpe de Estado.

No interrogatório de cerca de duas horas, Bolsonaro negou ter recebido ou alterado o documento, como alega o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que firmou delação premiada e o implicou na trama de golpe. No entanto, assumiu ter recebido sugestões para decretar estado de sítio no País.

O ex-presidente Jair Bolsonaro durante interrogatório no STF
O ex-presidente Jair Bolsonaro durante interrogatório no STF

Em outro ponto do depoimento, o ex-presidente reforçou a narrativa de fraudes nas urnas eletrônicas. Ao ser questionado sobre os constantes e continuados ataques ao sistema eletrônico eleitoral, Bolsonaro afirmou que “se não houvesse essa dúvida, com certeza não estaríamos aqui hoje”.

Ao ser questionado por Moraes sobre a reunião com os então comandantes da Marinha, Almir Garnier, da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, e do Exército, em dezembro de 2022, na qual, segundo a delação de Cid, Bolsonaro teria apresentado uma proposta de ruptura institucional, o ex-chefe do Executivo afirmou que jogou “dentro das quatro linhas o tempo todo’.

Veja pontos do interrogatório

  • Bolsonaro admite que cogitou estado de sítio por não poder recorrer à decisão do TSE contra seu partido

O ex-presidente admitiu que cogitou decretar estado de sítio – a medida suprime direitos individuais e amplia os poderes do Executivo para fazer frente a situações de grave repercussão nacional – depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o pedido do PL para anular parte dos votos do segundo turno. O partido foi multado em R$ 22,9 milhões por má-fé ao questionar o resultado das eleições.

“Sobrou para a gente buscar uma alternativa na Constituição. Não foi discutido, foi conversado hipóteses de dispositivos constitucionais. Nada foi assinado”, afirmou Bolsonaro.

Moraes voltou a questionar Bolsonaro se a ideia de decretação de estado de sítio não teria sido levado “em virtude da impossibilidade recurso eleitoral”.

“É a segunda vez que o senhor fala isso e eu acho bom esclarecer. O senhor está dizendo que a cogitação, a conversa, o início desta questão de estado de sítio, estado de defesa, teria sido em virtude da impossibilidade de recurso eleitoral? É isso?”, questionou Moraes.

O presidente respondeu: “sim, senhor”.

  • Bolsonaro admite ter mostrado minuta a comandante do Exército

Bolsonaro assumiu ter recebido sugestões para decretar estado de sítio no País. O ex-presidente voltou a repetir que, embora o estado de sítio tenha sido cogitado, não prosperou porque seria necessário um “fato” e a convocação dos conselhos da Defesa e da República.

Em interrogatório na segunda, 8, o tenente-coronel Mauro Cid reafirmou que Bolsonaro recebeu, leu e “enxugou” o documento. “Não procede o enxugamento”, rebateu.

O ex-presidente negou ter recebido ou alterado o documento, como alega Cid. “Eu refuto qualquer possibilidade de falar de minuta de golpe, que não esteja enquadrada dentro da Constituição brasileira”, afirmou. “Quando se fala em minuta dá a entender que é algo do mal”, prosseguiu.

  • Reunião com comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica

Na esteira dos questionamentos sobre a minuta golpista, o ex-presidente respondeu a Moraes sobre a reunião com os então comandantes da Marinha, Almir Garnier, da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, e do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, em dezembro de 2022, na qual, segundo a delação de Cid, ele teria apresentado uma proposta de ruptura institucional.

Bolsonaro afirmou ter tratado com os comandantes das Forças Armadas a decretação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para lidar com os acampamentos com reivindicações golpistas em frente a quartéis e com o bloqueio de rodovias no Pará por caminhoneiros. “Nós estudamos possibilidades outras dentro da Constituição. Nada fora disso”, disse.

  • Reunião com embaixadores

Moraes questionou o réu sobre a reunião convocada por Bolsonaro, então presidente, com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022, para disseminar mentiras sobre o sistema de votação brasileiro e as urnas eletrônicas. As declarações do presidente foram transmitidas pela TV Brasil.

O ex-presidente justificou que a reunião com diplomatas é “uma política privativa do chefe do Executivo” e que pode ter “exagerado na forma, na entonação”, mas mantém o posicionamento. “A intenção minha não é desacreditar, sempre foi alertar.” Pelo encontro, Bolsonaro foi condenado pelo TSE à inelegibilidade até 2030.

  • Bolsonaro insiste em narrativa de fraude nas urnas

Questionado sobre a transmissão ao vivo feita no dia 29 de julho de 2021, no Palácio da Alvorada, que segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) marca o início da trama golpista, Bolsonaro insistiu na narrativa de fraude.

Após o ex-presidente dar uma longa explanação sobre o que pensa a respeito da confiabilidade das urnas eletrônicas, afirmou que “se não houvesse essa dúvida, com certeza não estaríamos aqui hoje”. Moraes foi contundente ao dizer que o interrogatório não está relacionado com o tema.

“Na verdade, não existe nenhuma dúvida sobre o sistema eletrônico, e esse inquérito não tem absolutamente nada a ver com as urnas eletrônicas”, disse Moraes.

  • Bolsonaro afirma que não desmobilizou acampamentos

Bolsonaro negou ter colaborado com o 8 de Janeiro. O ex-presidente alegou que não desmobilizou os acampamentos em Brasília para evitar um cenário “pior ainda” – a dispersão dos manifestantes para a Praça dos Três Poderes.

Segundo Bolsonaro, os apoiadores que invadiram os prédios do Planalto, do STF e do Congresso “mal sabiam o que estavam fazendo”.

Para o ex-presidente, ocorreu uma “baderna”, mas não uma tentativa de golpe. “Sem qualquer participação minha, sem qualquer liderança, sem Forças Armadas, sem armas, sem um núcleo financeiro, sem nada. Isso não é golpe.”

 

 

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