30 de junho de 2025
Politica

Bolsonaro baixa tom diante de Moraes para diminuir pena e usa estratégia do ‘jogo do contente’

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Um outro Jair Bolsonaro apareceu nesta terça-feira, 10, diante do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre a trama golpista. Sem o estilo explosivo que lhe é peculiar, o ex-presidente baixou o tom e usou a estratégia do “jogo do contente” ao dar outra versão para o que ocorreu no Brasil após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

Durante todo o interrogatório, Bolsonaro tentou circunscrever sua participação na tentativa de golpe a uma saraivada de críticas às urnas eletrônicas. Foi muito mais que isso, como revelaram as investigações da Polícia Federal e a denúncia da Procuradoria-Geral da República, mas o ex-capitão adotou essa tática de defesa para reduzir sua pena.

“O sentimento de todo mundo era de que não tínhamos mais nada o que fazer. Tínhamos que entubar o resultado das eleições”, afirmou Bolsonaro, quando questionado por Moraes. Em vários momentos, o ex-presidente descreveu um cenário no qual figurava como vítima e procurou se apresentar como um homem de fé, temente a Deus.

Bolsonaro recua em depoimento a Moraes
Bolsonaro recua em depoimento a Moraes

“Sempre cumprimos a Constituição, com Deus no coração”, resumiu ele. Diante de um ministro do STF que não esboçava reação, Bolsonaro contou que, ao ver as dificuldades enfrentadas logo após assumir o poder, se ajoelhou para rezar. “Meu Deus, qual o pecado cometi para pagar o preço de uma Presidência?”, perguntou.

Além de pedir desculpas a Moraes por ter insinuado, sem qualquer prova, que o magistrado estaria levando US$ 50 milhões para fraudar as eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro chegou até a fazer piada. Inelegível até 2030, disse ao ministro que virou seu algoz: “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”.

Naquela sessão da Primeira Turma do STF ficou evidente, ainda, que a cúpula da trama golpista vê não apenas o delator Mauro Cid como o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior como traidores.

Na condição de testemunha de acusação da Procuradoria-Geral da República, o brigadeiro Baptista Júnior afirmou que, após o segundo turno das eleições de 2022, Bolsonaro propôs atentar contra o regime democrático.

“Quem fala demais dá bom dia a cavalo”, provocou o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, que mostrou ter memória seletiva ao responder a questionamentos de Moraes.

Bolsonaro sugeriu, por sua vez, que Baptista Júnior mudou de lado após ele ter perdido a eleição. “A gente conhece as pessoas depois que perde o poder”, lamentou.

Enquanto o ex-presidente está no banco dos réus, a estratégia do Palácio do Planalto consiste em manter a polarização cada vez mais acirrada. Embora ainda falte um ano e quatro meses para as próximas eleições, Lula está convencido de que, para ele, o melhor é ter um adversário com sobrenome Bolsonaro na disputa de 2026.

Não foi só para defender Moraes que o presidente criticou a movimentação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos.

Lula chamou Eduardo para a briga porque a ele interessa que o filho “03″ de Bolsonaro seja seu desafiante no ano que vem. O petista não quer enfrentar, por exemplo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O governador de São Paulo é desconhecido do grande público, mas não conta com a rejeição de Bolsonaro e família no mercado e nem no meio empresarial. Além disso, nas palavras de auxiliares de Lula, Tarcísio representa a direita inteligente, “que come de garfo e faca”.

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