30 de junho de 2025
Politica

Moraes conduz interrogatórios com bom humor, diz advogado de Anderson Torres

O advogado Eumar Novacki, que defende o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, afirmou nesta terça-feira, 10, que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem conduzido os interrogatórios da ação penal do golpe com leveza e bom humor. Na fase anterior do processo, no mês passado, Moraes adotou outra postura e ameaçou prender uma testemunha.

“A condução dos trabalhos foi leve. O ministro Alexandre conduziu com bom humor. Isso permitiu que os réus estivessem à vontade no depoimento. Foi muito positivo para o esclarecimento dos fatos”, disse Novaki à Coluna do Estadão.

Torres negou ter prestado assessoria jurídica ao então presidente no plano do golpe. Também disse que não escreveu a minuta golpista apreendida pela Polícia Federal. O documento citava a anulação do resultado da eleição de 2022 e uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral. A Procuradoria-Geral da República não fez perguntas ao ex-ministro.

“Não é a minuta do golpe. Eu brinco que é a minuta do Google, né? Porque está no Google até hoje. Isso foi uma fatalidade. Eu nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito. Não sei quem fez, não sei quem mandou fazer e nunca discuti esse tipo de assunto”, disse ao ministro Alexandre de Moraes.

Anderson Torres e o advogado Eumar Novacki durante interrogatório no STF
Anderson Torres e o advogado Eumar Novacki durante interrogatório no STF

‘O senhor comemora numa quermesse’

Na segunda-feira, 9, início do interrogatório dos réus, o ministro Alexandre de Moraes teve momentos descontraídos com o advogado do general Augusto Heleno. O defensor havia pedido para a sessão da manhã desta terça-feira, 10, começar mais tarde.

“Eu minimamente quero jantar, excelência, eu só tomei o café da manhã quase”, disse, ao que Moraes respondeu: “Imagine eu”. O ministro acrescentou:

“Vamos ver se nós terminamos amanhã. Aí o senhor tem quarta-feira para tomar um belo brunch, quinta-feira um jantar, que é dia dos namorados, sexta é Dia de Santo Antônio e o senhor comemora numa quermesse. Se a gente começa a atrasar, a gente não acaba, doutor”, disse Moraes, rindo.

Nesta terça-feira, Moraes aproveitou uma interrupção do advogado para brincar com a situação da véspera: “Doutor, o horário do almoço ainda está longe. Vamos seguir”.

Com as testemunhas, clima tenso

Se o interrogatório dos réus teve risadas no auditório da Primeira Turma do STF, a fase de ouvir as testemunhas, no mês passado, foi marcada por momentos de tensão. Naquela ocasião, os depoimentos não eram transmitidos ao vivo.

Em depoimento em 23 de maio, o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo afirmou a Moraes que o ex-comandante da Marinha não falou literalmente sobre “deixar à disposição” de Bolsonaro as tropas da Força em uma tentativa de golpe.

“A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz estou frito não quer dizer que está numa frigideira”, afirmou Rebelo. Moraes, então, questionou se ele estava na reunião em questão, o que Rebelo negou.

“Então, o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”, repreendeu Moraes. Aldo Rebelo respondeu: “A minha apreciação da língua portuguesa é minha e não admito censura”. “Se o senhor não se comportar, o senhor vai ser preso por desacato”, respondeu o magistrado.

 

 

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