1 de julho de 2025
Politica

Réquiem para o sonho do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e seus generais

Antes do fim desta semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército Brasileiro, vai depor na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele já estava sendo no banco dos réus nesta segunda-feira, 9, enquanto outros acusados eram inquiridos. Inelegível até 2030 e acusado de tentativa de golpe, na expectativa de voltar ao Palácio do Planalto em 2026, Bolsonaro se movimenta pelo País como se nada tivesse acontecido e rejeita terminantemente a tese de que ele pretendia atentar contra a democracia. Se for julgado condenado, será preso.

Em meio ao calvário de Bolsonaro, o Exército Brasileiro, por meio de seus mais graduados oficiais, decidiu não comentar nem se manifestar publicamente sobre o episódio. Eles consideram que tudo que podia ser dito, já foi ou está sendo falado no julgamento e que alguns dos que estão sentados no banco dos réus, se em algum momento foram militares, agora são políticos que participavam de um governo.

Jair Bolsonaro ao lado de seu advogado Celso Vilardi, durante julgamento no STF
Jair Bolsonaro ao lado de seu advogado Celso Vilardi, durante julgamento no STF

É o caso de Bolsonaro. Oficial da EsAO, em 1986, o capitão Jair Messias Bolsonaro, era conhecido na escola como “cavalão”. Sua capacidade intelectual, segundo muitos dos que conviveram com ele, era inversamente proporcional à sua força e ao desempenho físico. Eleito presidente da República, por metade da população cansada dos “políticos”, Jair subiu a rampa do Palácio do Planalto e se cercou de militares, generais em sua maioria.

O presidente – que desde o começo do seu mandato dava sinais de que não pretendia entregar o cargo ao final do seu mandato e investia principalmente contra o STF – acreditava que esses militares, um grupo que chegou a ser chamado de “A República dos Generais”, o apoiaria em qualquer situação. Os generais, por sua vez, estavam convencidos de que manobrariam o “cavalão”.

Duplo engano, nem os generais o apoiaram como ele imaginava e, nem ele, submeteu-se à vontade da caserna. Só quem senta naquela cadeira do terceiro andar sabe que ela lhe dá quase que um poder inesgotável, mesmo com os pesos e contrapesos.

Os quatro anos do mandato foram passando e Jair Messias não se via respaldado para o rompimento institucional, com o qual sempre sonhou. Passou a atacar as urnas eletrônicas, pôs militares a fiscalizar os equipamentos em busca de falhas que permitissem fraudar os resultados, reuniu embaixadores de outros países (o que lhe custou a pena da inelegibilidade por oito anos). Nada encontrou.

Até que chegou a eleição e Bolsonaro perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva por uma pequena margem de votos. Foi então que ele resolveu partir para a ação. Mas o que se depreende dos relatos é que foram surgindo vários grupos. Uns totalmente a favor do golpe, outros com algumas restrições e, por fim, uma turma contra. Trocavam mensagens. Uns queriam que o Exército ajudasse a manter os acampados em frente aos quartéis. Outros pensavam em desmobilizar. A organização do golpe virou um fuzuê.

Nesse meio tempo, o ex-presidente Bolsonaro recebeu, leu e pediu alterações em uma minuta golpista para anular o resultado das eleições com propostas golpistas que teriam sido levadas a Bolsonaro pelo ex-assessor internacional Filipe Martins. A minuta passou pelo almirante Almir Garnier, que imediatamente colocou suas “tropas à disposição”. Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, era contra e a maioria do Alto Comando, à época, também.

Mas o ex-ministro da Defesa Braga Netto e o general da reserva Mario Fernandes radicalizaram até o fim. Estimularam acampamentos, e Braga Netto arrecadou fundos para a horda de manifestantes que foi para Brasília com o objetivo de invadir e destruir as sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro. “Cavalão” esperava que seus homens lhe pedissem para ficar firme no cargo que já não mais lhe pertencia. Era só uma ilusão.

 

 

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