Aliados veem ‘morde e assopra’ de Hugo Motta com Planalto e esforço para perder pecha de governista
Aliados do presidente a Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), avaliam que ele resolveu fazer um esforço para perder a pecha de governista que ganhou na Casa e segurar a confiança dos deputados. Líderes partidários ouvidos pela Coluna do Estadão veem a relação de Motta com o Palácio do Planalto no momento como um “morde e assopra”.
Depois de ter dado tempo ao governo Lula para apresentar alternativas à alta do Imposto sobre Operações Financeiras, o paraibano tomou somente nesta quinta-feira, 12, duas decisões que colocam pressão sobre a gestão petista: pautar a urgência para o projeto que derruba o decreto IOF e trocar a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Deputados dizem que Motta está sensível a críticas que recebe internamente pelas “colheres de chá” que tem dado ao governo, mas dizem não ter certeza se ele continuará na ofensiva contra o Planalto.
Eleito com um amplo arco de apoios – do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro – o presidente da Câmara tenta se equilibrar entre os dois lados, com o Centrão no meio. A avaliação é de que ele dá sinais trocados e, até agora, acabou sempre aliviando a situação para o Planalto após algumas “mordidas”.
Mesmo que não tenha se comprometido em votar o mérito do projeto que revoga o aumento do IOF, a análise da urgência agradou a parlamentares oposicionistas. Como mostrou a Coluna, na reunião anterior do Colégio de Líderes, o presidente da Câmara havia “segurado a onda” da oposição e vetado essa medida.
A escolha de Gervásio Maia (PSB-PB) para relatar a LDO, no lugar do petista Carlos Zarattini (PT-SP), por sua vez, é um aceno ao Centrão, que temia perder o controle do Orçamento se o partido de Lula ficasse com o cargo. No entanto, para não desagradar totalmente ao Planalto, deu ao PT a relatoria da MP com alternativas à alta do IOF.
O esforço do paraibano para deixar de ser atrelado à gestão petista inclui também, segundo aliados, parar de acompanhar Lula em viagens internacionais.
