30 de junho de 2025
Politica

Questão fiscal passa por corte de supersalários e metade das emendas; e o Congresso com tudo isso?

Afinal de contas, a Câmara e o Senado são ou não a favor do arcabouço fiscal, do equilíbrio entre cortes de gastos e aumento de receitas, de uma economia que gere confiança e atraia investimentos? E dos interesses públicos, em geral? E da segurança, do bem-estar e do futuro do distintíssimo público que garantiu os votos e a vitória de seus 513 membros do salão verde e dos 81 do salão azul?

O  presidente Luiz Inácio Lula da Silva em solenidade com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em solenidade com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre

Seus presidentes, o deputado Hugo Motta e o senador Davi Alcolumbre, juram de pés juntos que sim, que estão na linha de frente da defesa dos interesses nacionais e de ajustes das contas públicas e são aliados do governo nessa direção, mas derrubam as seguidas propostas do Executivo, põem a faca no pescoço do presidente Lula e do ministro Fernando Haddad e não apresentam absolutamente nada em troca. Só sabem dizer uma palavra: “não”. Além de aumentar os próprios custos e privilégios.

Ok, todo mundo tem arrepios ao ouvir falar em aumento de impostos e lembra muito bem de Haddad, uma, duas, três, mil vezes se comprometendo a não fazer isso. Mas que tal o Congresso finalmente enfrentar os supersalários, que são inconstitucionais, além de imorais, e se oferecer a cortar na própria carne? Ou melhor, nas próprias emendas absurdamente, estridentemente, fora de propósito?

Aliás, seria muito bom que suas excelências começassem a trabalhar de verdade, até porque estamos em meados de junho e, até agora, só se viu, ouviu e condenou muito tititi, briguinha política, uso de comissões para perseguições de adversários, defesa corporativista de réus e condenados pela justiça, jogo sujo contra o Supremo Tribunal Federal, muxoxos contra propostas do Executivo…

Tudo isso devidamente ilustrado com cenas lamentáveis de marmanjos destratando grosseiramente a ministra Marina Silva ou de novatos (que foram alçados a deputados federais por blogs e redes sociais) desqualificando um debate sério sobre a questão fiscal para captar uns minutos de vídeo e tentarem se passar por heróis para a plateia da internet.

O momento mundial é grave, com Donald Trump confrontando o mundo e ameaçando a até então sólida democracia americana, Netanyahu promovendo uma evidente limpeza étnica em Gaza e agora atacando o Irã, Putin destroçando a Ucrânia, tudo isso sob a inércia internacional e embalado pelo ocaso e o vácuo da ONU. Mas o Congresso brasileiro não está nem aí para a geopolítica, para o mundo, para a discussão sobre o papel do Brasil nisso tudo.

Nem mesmo as questões domésticas mais urgentes, mais exigidas pela sociedade, comovem ou movem o Parlamento. Em que pé estão as discussões sobre limites da internet e responsabilização das plataformas por conteúdos nocivos, até para crianças? E sobre a presença do governo federal e a maior sintonia entre os entes federados no combate ao crime organizado e à violência urbana? E sobre a corrupção? Não há mais corrupção no País?

Ao votar urgência para votar, ou melhor, derrubar a MP fiscal de Haddad para substituir a lambança do IOF, a Câmara fica na obrigação de contrapor soluções para conter gastos e não fazer o oposto, como vem fazendo até agora na maior cara de pau. Aumentar o número de deputados?! Permitir que parlamentares acumulem aposentadoria com salários, estourando o teto constitucional?! Justamente quando a economia, mais uma vez, cresce mais do que previsto, a inflação recua, o emprego se consolida e a ameaça explosiva é fiscal?

PT e PL podem se engalfinhar o tempo todo, mas quando é para legislar em causa própria tornam-se irmãos siameses, como no caso da permissão para parlamentares conciliarem aposentadorias com salários do mesmo Parlamento. Aliás, que tal reduzir o valor das emendas pela metade, quem sabe em 70%? Taí, excelente ideia – e não só para a crise fiscal…

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *