30 de junho de 2025
Politica

Congresso aprova projeto que permite pagamento de pessoal com emendas destinadas à saúde

BRASÍLIA – O Congresso Nacional aprovou nesta terça-feira, 17, um projeto de resolução que autoriza o uso de recursos de emendas parlamentares destinadas à saúde no pagamento de despesas com pessoal. A votação ocorreu em sessão conjunta entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal e segue para promulgação.

A decisão do Congresso contraria um entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) que reprovou esse tipo de uso das emendas parlamentares, como revelou o Estadão. Relatado pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), o projeto interfere nos artigos sobre as emendas de comissão e de bancada estadual, que não são de gasto obrigatório.

Sessão do Congresso Nacional aprova projeto que permite uso de verba de saúde para pagar salários
Sessão do Congresso Nacional aprova projeto que permite uso de verba de saúde para pagar salários

Pelo texto, continua proibido o uso de emendas parlamentares individuais ao Orçamento para custear despesas com pessoal ativo, inativo e pensionistas, no caso da destinação dos recursos para ações e serviços públicos de saúde.

O texto altera a resolução do Congresso nº 1 de 2006 para autorizar que, no caso das emendas de comissão e de bancada estadual, “os recursos alocados para complementação de transferências automáticas e regulares da União para os fundos de saúde dos demais entes, destinadas ao custeio da atenção primária da saúde e da média e alta complexidade, poderão ser utilizados para pagamento de despesas com pessoal ativo”.

A redação destaca que, para isso, é preciso que as despesas sejam referentes aos profissionais da área da saúde “que atuem diretamente na prestação de serviços dessa natureza, devendo o ente beneficiário administrar as respectivas despesas a cada exercício financeiro de forma a não prejudicar a continuidade dos serviços ofertados à população”.

Projeto muda regras sobre emendas individuais

O projeto também mexe nas regras de aplicação das emendas parlamentares individuais, que são impositivas. De acordo com o texto, no caso da modalidade transferência com finalidade definida, poderá haver indicações de diferentes parlamentares para o mesmo plano de trabalho.

Segundo a área técnica do Legislativo, isso já era possível antes deste projeto, mas ministérios passaram a se pronunciar, em alguns casos, em desfavor dessa prática. Há uma argumentação de que essa possibilidade permite que os recursos sejam destinados a projetos maiores e mais estruturantes.

Conforme o projeto, essas emendas deverão ser destinadas preferencialmente para obras inacabadas de sua autoria, com valores mínimos estabelecidos pelo Executivo para cada objeto.

O uso das emendas da saúde para pagamento de pessoal é um dos embates travados entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e o Congresso, conforme o Estadão revelou. O Legislativo cobra a liberação do dinheiro para discutir a agenda fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O Ministério da Saúde chegou a assinar uma portaria proibindo a utilização de qualquer modalidade de emenda para pagamento de pessoal. O Congresso reagiu e o ministro da pasta, Alexandre Padilha, revogou a norma 24 horas depois; mas, desde então, o assunto não foi resolvido por nenhuma outra regra. Técnicos da pasta entendem que o pagamento de pessoal com emendas é proibido e não tem amparo legal.

A Constituição proíbe a indicação de emendas para pagamento de pessoal no Orçamento. Em outro capítulo, a Carta Magna faz a mesma proibição para todas as transferências voluntárias da União. Em um terceiro dispositivo, a Constituição proíbe especificamente a destinação de emendas individuais da saúde para essa finalidade.

 

 

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