1 de julho de 2025
Politica

Governadores da direita se movimentam com cautela à espera do ‘sim’ de Bolsonaro no altar de 2026

O abandono e a indiferença que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu clã impuseram à deputada Carla Zambelli (PL), que fugiu para a Itália, após ser condenada a 10 anos de prisão por envolvimento em invasão hacker ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), assombram os pré-candidatos da direita à presidência da República. Se Zambelli – quase uma amiga íntima da família – foi largada num limbo porque seus atos teriam prejudicado a reeleição de Bolsonaro, imagine o que pode acontecer àquele que exagerar nesta pré-campanha antecipadíssima e não esperar pela bênção do ex-presidente.

Bolsonaro está inelegível até 2030. Além disso, é réu com grandes chances de ser condenado à prisão no processo sobre um suposto plano de golpe de Estado que está sendo julgado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Nada disso, entretanto, lhe tira a ideia de que é o único e grande líder da direita e que se, realmente, seu nome ficar fora da cédula, será ele a escolher quem o substituirá. Digo “realmente” porque na política brasileira tudo pode acontecer e o País permanece sendo aquele em que, como já disse o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, “até o passado é incerto”.

O ex-presidente Jair Bolsonaro com governadores antes de ato na Paulista pela anistia em abril
O ex-presidente Jair Bolsonaro com governadores antes de ato na Paulista pela anistia em abril

Sendo assim, os postulantes têm trabalhado tentando, às vezes sem conseguir, manter alguma discrição. Os governadores, por exemplo, têm feito viagens pelo País com todo tipo de desculpas. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), esteve neste fim de semana em três cidades do Pará. Segundo o noticiário local, estreitou a ligação com a oposição ao governador Helder Barbalho (MDB), alinhado ao governo Lula.

Viajou mais de seis mil quilômetros, entre ida e volta, para “construção de caminhos em conjunto”, como disse um de seus anfitriões, o prefeito de Ananindeua (na região metropolitana de Belém), Dr. Daniel (PSB). Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás, faz com frequência o circuito de viagens que incluem São Paulo.

Uma exceção é o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Decidido a fazer o possível para tornar viável uma possível candidatura, esqueceu até da habilidade e da discrição que sempre caracterizaram a política mineira. Sem sutileza alguma já contratou equipe para a pré-campanha e não perde oportunidade de falar sobre diversos assuntos, ainda que o resultado em muitas ocasiões fique longe do que ele esperava.

Zema já chegou a defender o separatismo e a formação de uma frente Sul-Sudeste para se contrapor ao Norte-Nordeste e arrematou o preconceito afirmando que o “Brasil funciona como um produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”, referindo-se aos Estados nordestinos. Há poucos dias defendeu o golpe de 1964.

Quem tem tudo, porém, para ser a noiva escolhida por Bolsonaro é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Equilibrando-se em uma corda muito fina, Tarcísio afaga o ex-presidente em público, diz que pretende disputar a reeleição ao governo paulista em 2026 mas, segundo políticos próximos, se movimenta com toda a delicadeza possível em conversas com o mercado financeiro e a indústria, de olho no Planalto. Segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 13 passado, em um dos cenários, o presidente Lula mantém a liderança no primeiro turno. Mas empata com Bolsonaro e Tarcísio no segundo. Se conseguir manter as boas relações com o ex-chefe, o governador, quem sabe, terá boas chances de chegar ao altar.

 

 

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