Polícia Federal conclui inquérito sobre a ‘Abin Paralela’; entenda
A Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a espionagem de opositores durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O caso é conhecido como “Abin paralela”. A investigação apontou haver indícios de prática de crimes por parte do ex-presidente, do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem.
O relatório está sob sigilo, incluindo a lista final dos indiciados. Mais cedo, uma fonte da Polícia Federal chegou a confirmar que Bolsonaro estava entre os indiciados, em meio a mais de 30 pessoas, incluindo Carlos e Ramagem. Contudo, outras fontes na corporação apontam que, por já ter sido indiciado pelo mesmo crime que seria imputado nesta apuração (organização criminosa) em outra investigação, o ex-presidente não teve seu nome incluído na lista dos indiciados formalmente. Ninguém pode responder duas vezes por uma mesm conduta, segundo a legislação brasileira. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República avaliar a responsabilização de Bolsonaro e dos demais investigados. A PGR não precisa seguir a lista de indiciados da PF.
Nas redes sociais, Carlos Bolsonaro insinuou que o indiciamento é político. “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência”, ironizou Carlos.
A investigação também respingou na atual gestão da Abin. Constam na lista de indiciados o atual diretor-geral da Abin, o delegado federal Luiz Fernando Corrêa, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ex-número dois da agência Alessandro Moretti.
Nome de confiança do PT, Corrêa já havia chefiado a Polícia Federal no segundo mandato de Lula, entre 2007 e 2011.
A PF aponta que houve “conluio” entre a atual gestão da Abin e a direção anterior para evitar que monitoramentos ilegais viessem a público.

Segundo o inquérito, a Abin foi aparelhada por um esquema de espionagem ilegal para atender a interesses políticos e pessoais de Bolsonaro e integrantes de sua família.
Em outubro de 2023, foi deflagrada pela PF a Operação Última Milha. O nome da operação faz referência ao software “espião” FirstMile. Segundo a investigação, o programa foi utilizado 60 mil vezes pela Abin entre 2019 e 2023, com um pico de acessos em 2020, ano de eleições municipais.
Em janeiro de 2024, os endereços de Alexandre Ramagem foram alvos de busca e apreensão na Operação Vigilância Aproximada.
Siga o ‘Estadão’ nas redes sociais