30 de junho de 2025
Politica

Crises no governo afetaram aprovação de Lula? Veja linha do tempo e o que dizem os números

A cada nova crise no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a gestão do petista vê a repercussão negativa afetar sua imagem: o impacto é traduzido em números pelos principais institutos de pesquisa do País, que mostram a desaprovação ao governo crescendo ao longo dos meses.

Desde janeiro de 2023, início do terceiro mandato de Lula à frente do Executivo nacional, a imagem do governo já foi desgastada por medidas econômicas impopulares, como a “taxa das blusinhas”, que rendeu o apelido de “Taxadd” para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas redes sociais.

Lula vê índice de aprovação ao seu governo em queda nos últimos meses
Lula vê índice de aprovação ao seu governo em queda nos últimos meses

Além dela, a “crise do Pix” e, a mais recente, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), também prejudicaram a popularidade do governo.

Mas Lula também contribuiu pessoalmente para os índices. No ano passado, após declaração comparando a ação de Israel na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus promovido pela Alemanha nazista, somado a outras declarações consideradas “gafes” do presidente, os índices de desaprovação subiram.

Na crise mais recente, o nome do petista foi implicado no escândalo dos desvios em aposentadorias e pensões do INSS. Embora o governo tenha focado em transmitir a mensagem que o esquema ilegal começou durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), a imagem do presidente saiu desgastada, tanto porque resistiu em demitir o ministro da Previdência, Carlos Lupi, como pelo pico dos desvios ter ocorrido já na gestão petista.

Veja a seguir os números dos principais institutos de pesquisa.

Três primeiros meses: maioria de aprovação

As primeiras pesquisas sobre o terceiro mandato de Lula no Palácio do Planalto indicaram popularidade inferior aos outros governos do petista. Datafolha divulgada em 1º de abril de 2023, aos 90 dias com ele à frente do Executivo, mostrou 38% de avaliação “boa ou ótima”, contra 29% “ruim ou péssima”, enquanto 30% avaliaram “regular” a gestão do petista e 3% não responderam.

A desaprovação se igualou àquela apontada pela pesquisa nos primeiros três meses do governo de Jair Bolsonaro (PL), que registrou 30% de “ruim ou péssimo”.

‘Taxa das blusinhas’ e subida na desaprovação

Apenas um mês depois, em 19 de abril de 2023, a pesquisa Genial/Quaest apontou a desaprovação ao governo subindo nove pontos porcentuais em dois meses, comparando ao levantamento anterior do instituto. Foram 29% de desaprovação (ante 20% há dois meses) e 36% de aprovação, quatro pontos porcentuais a menos que na rodada anterior.

O governo sofria os primeiros impactos da decisão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de acabar com a isenção de impostos para encomendas internacionais de até US$ 50 por pessoas físicas, medida que ficou conhecida como “taxa das blusinhas”. O governo chegou a voltar atrás, mas depois retrocedeu a decisão e a medida provisória entrou em vigor em agosto de 2024.

Pior avaliação após fala comparação de Israel com Holocausto

Em março de 2024, a pesquisa Genial/Quaest mostrou que a desaprovação ao trabalho do presidente chegou a 46%, três pontos porcentuais a mais que na pesquisa anterior, de dezembro de 2023. A aprovação foi de 54% para 51%.

A pesquisa ocorreu dias após declaração em que o presidente comparou as operações militares de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

“O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente durante entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia, em 18 de fevereiro. Outros institutos, como Atlas Intel, também aferiu a piora na aprovação após fala do presidente.

Preço nos alimentos fecha 2024 como foco das críticas

Até fechar o ano, a desaprovação foi atribuída pelos brasileiros à percepção de que o preço dos alimentos disparou entre novembro e dezembro. Na Genial/Quaest de 11 de dezembro, 47% desaprovaram o trabalho de Lula no governo, ante 52% de aprovação.

A pesquisa Datafolha, publicada uma semana depois, também mostrou números semelhantes entre aprovação e reprovação, com 35% a favor do presidente e 34% contra.

Segundo a Paraná Pesquisas, no mês anterior, a desaprovação superou aqueles que aprovavam o governo, com 51% a 46,1%.

‘Crise do Pix’

Nos primeiros meses deste ano, a queda na aprovação motivou o presidente a acelerar a reforma ministerial que vinha sendo planejada. Mudanças na comunicação do governo também foram feitas para tentar reverter a imagem negativa, com a chegada do marqueteiro Sidônio Palmeira para comandar a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).

Considerada a primeira derrota do governo do ano, a revogação da medida da Receita Federal que ampliava o monitoramento sobre transações financeiras, incluindo o Pix, impactou as pesquisas de opinião. As insinuações de que o governo taxaria o Pix foram propagadas pela oposição, sobretudo pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que produziu um viral sobre o tema.

Na pesquisa Datafolha divulgada em 14 de fevereiro, Lula atingiu o pior índice de aprovação em todos os seus governos, com 24%, uma queda de 11 pontos porcentuais comparando com a pesquisa anterior, de dezembro. A reprovação do governo do petista também foi recorde, passando de 34% para 41%.

Escândalo do INSS

No dia 23 de abril, a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação Sem Desconto, que apura desvio de recursos não autorizados diretamente do contracheque de aposentados e pensionistas que podem chegar a R$ 6 bilhões. A ação provocou uma crise no governo, com a consequente queda do presidente do INSS e, depois, do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.

Presidente do PDT, Carlos Lupi, foi demitido do Ministério da Previdência após revelação de escândalos bilionários do INSS.
Presidente do PDT, Carlos Lupi, foi demitido do Ministério da Previdência após revelação de escândalos bilionários do INSS.

Pesquisa do instituto Ipespe de 22 de maio, mostrou 54% de reprovação e 40% de aprovação no governo do presidente. Início de junho, levantamento da Genial/Quaest indicou tendência semelhante: o índice de aprovação chegou a 57%, contra 40% que aprovam a gestão feita pelo petista.

Sobre o escândalo, apesar dos esforços da gestão petista para enfatizar que o esquema começou no governo de Jair Bolsonaro (PL), 31% dos entrevistados disseram que o principal responsável pelos desvios foi o governo Lula, gestão em que os descontos atingiram índices maiores.

Nesta terça-feira, 17, o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), autorizou a criação da Comissão Parlamentar Mista do Inquérito (CPMI) para investigar a fraude no INSS, o que pode impactar ainda mais a imagem do presidente.

Mudança no IOF

A crise econômica mais recente que tem provocado desgaste no governo é a discussão sobre o aumento de impostos para conseguir zerar as contas. O Ministério da Fazenda anunciou aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em diversas operações e, depois, reduziu o alcance da medida.

As medidas, que foram divulgadas após corte de gastos do governo, enfrentam forte resistência no Congresso e são exploradas pela oposição por representarem aumento de imposto.

Segundo o último levantamento do Datafolha, divulgado nesta quinta-feira, 12, foram 40% os que consideram o governo petista como “ruim ou péssimo” e 28% os que acham “ótimo ou bom”. Os números apenas oscilaram dentro da margem de erro comparando à pesquisa de abril.

Nesta segunda, 16, a Câmara aprovou a urgência do projeto que derruba aumento do IOF, em uma derrota para o governo. Como mostrou o Estadão, o desejo na Câmara é pela derrubada completa da medida, ainda que isso leve o governo a aumentar a contenção sobre as emendas parlamentares.

O cálculo político dos deputados é que o Planalto tem muito mais a perder com essa derrota do que a Câmara e o Senado

 

 

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